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São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2003

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DE 2002 A 2004

Depois de saber que pode ter sido alvo de espionagem do PT, sindicalista também suspende ações com a CUT

Paulinho deixa conselho econômico de Lula

FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, encaminhou ao ministro Tarso Genro e aos integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social carta na qual anuncia seu desligamento do órgão.
Decidiu também suspender as ações conjuntas com a CUT (Central Única dos Trabalhadores), como a campanha salarial unificada das categorias com data-base neste semestre, e as negociações com Osvaldo Bargas, secretário-executivo do Ministério do Trabalho e coordenador-geral do Fórum Nacional do Trabalho.
"Como vou ser conselheiro do Lula [Luiz Inácio Lula da Silva] depois do que vi que o PT armou nas eleições para presidente?", afirma Paulinho. "Saí da última eleição como bandido e agora vejo na reportagem de uma revista [a "Veja'] como tudo foi montado. Eles montaram uma equipe de guerrilha para detonar os outros candidatos. Se isso tudo for verdade -e acredito que é-, a eleição de Lula foi uma farsa", diz ele.
Paulinho se refere à reportagem da revista "Veja" do último final de semana, que lista uma série de petistas que teriam trabalhado, no ano passado, para divulgar acusações e dossiês contra políticos -inclusive contra Paulinho, que era candidato a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes (PPS).
Uma equipe de advogados da Força Sindical está estudando o que é possível fazer judicialmente para "dar o troco ao PT". Uma análise rápida dos advogados, diz, já indica que "será possível fazer um inferno na vida desse povo".
Paulinho diz que os advogados da central vão estudar até a possibilidade de pedir ao Supremo a anulação da eleição de Lula.
Paulinho conta que viveu "um inferno" durante a sua campanha eleitoral no ano passado. A caixa do correio de sua residência foi estourada com bombas duas vezes. "Na frente da minha casa foi montada em pouco tempo uma fábrica de móveis que funcionava até tarde." Na época, diz, achava que toda essa movimentação era planejada pelo José Serra, então candidato do PSDB à Presidência.
O presidente da CUT, Luiz Marinho, telefonou ontem para Paulinho, que não o atendeu. Marinho disse que a CUT não tem responsabilidade sobre esse caso e que essa notícia tem interesse em acabar com a união das centrais. A CUT divulgou uma nota na qual classifica de "emocional e precipitada" a decisão da Força Sindical de romper com a central.
Ao deixar o escritório paulista da Presidência da República, João Felício, presidente da entidade à época da eleição, disse que a "acusação é uma agressão à CUT".
"Há 26 anos que eu milito no meio sindical, e isso foi a coisa mais esquisita que já vi", disse Felício, após encontrar-se com Lula para parabenizá-lo pelo aniversário comemorado anteontem.

Grupo em ação
O grupo constituído sigilosamente na campanha eleitoral para "blindar" o então candidato Lula continua atuando nos bastidores pelo hoje presidente. Criado para desarmar eventuais "armadilhas" contra o PT e recolher informações sobre adversários do partido, o grupo é formado por sindicalistas, advogados e procuradores.
A Folha apurou, por exemplo, que um dossiê sobre sindicalistas envolvidos na máfia dos transportes em São Paulo consta das atividades do grupo. Esse assunto interessa à prefeita Marta Suplicy, que é candidata à reeleição e sofre oposição de parte do setor. Paulinho é pré-candidato a prefeito da capital paulista pelo PDT.


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