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DE 2002 A 2004
Depois de saber que pode ter sido alvo de espionagem do PT, sindicalista também suspende ações com a CUT
Paulinho deixa conselho econômico de Lula
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Força Sindical,
Paulo Pereira da Silva, encaminhou ao ministro Tarso Genro e
aos integrantes do Conselho de
Desenvolvimento Econômico e
Social carta na qual anuncia seu
desligamento do órgão.
Decidiu também suspender as
ações conjuntas com a CUT (Central Única dos Trabalhadores),
como a campanha salarial unificada das categorias com data-base neste semestre, e as negociações com Osvaldo Bargas, secretário-executivo do Ministério do
Trabalho e coordenador-geral do
Fórum Nacional do Trabalho.
"Como vou ser conselheiro do
Lula [Luiz Inácio Lula da Silva]
depois do que vi que o PT armou
nas eleições para presidente?",
afirma Paulinho. "Saí da última
eleição como bandido e agora vejo na reportagem de uma revista
[a "Veja'] como tudo foi montado.
Eles montaram uma equipe de
guerrilha para detonar os outros
candidatos. Se isso tudo for verdade -e acredito que é-, a eleição de Lula foi uma farsa", diz ele.
Paulinho se refere à reportagem
da revista "Veja" do último final
de semana, que lista uma série de
petistas que teriam trabalhado, no
ano passado, para divulgar acusações e dossiês contra políticos
-inclusive contra Paulinho, que
era candidato a vice-presidente
na chapa de Ciro Gomes (PPS).
Uma equipe de advogados da
Força Sindical está estudando o
que é possível fazer judicialmente
para "dar o troco ao PT". Uma
análise rápida dos advogados, diz,
já indica que "será possível fazer
um inferno na vida desse povo".
Paulinho diz que os advogados
da central vão estudar até a possibilidade de pedir ao Supremo a
anulação da eleição de Lula.
Paulinho conta que viveu "um
inferno" durante a sua campanha
eleitoral no ano passado. A caixa
do correio de sua residência foi
estourada com bombas duas vezes. "Na frente da minha casa foi
montada em pouco tempo uma
fábrica de móveis que funcionava
até tarde." Na época, diz, achava
que toda essa movimentação era
planejada pelo José Serra, então
candidato do PSDB à Presidência.
O presidente da CUT, Luiz Marinho, telefonou ontem para Paulinho, que não o atendeu. Marinho disse que a CUT não tem responsabilidade sobre esse caso e
que essa notícia tem interesse em
acabar com a união das centrais.
A CUT divulgou uma nota na
qual classifica de "emocional e
precipitada" a decisão da Força
Sindical de romper com a central.
Ao deixar o escritório paulista
da Presidência da República, João
Felício, presidente da entidade à
época da eleição, disse que a "acusação é uma agressão à CUT".
"Há 26 anos que eu milito no
meio sindical, e isso foi a coisa
mais esquisita que já vi", disse Felício, após encontrar-se com Lula
para parabenizá-lo pelo aniversário comemorado anteontem.
Grupo em ação
O grupo constituído sigilosamente na campanha eleitoral para
"blindar" o então candidato Lula
continua atuando nos bastidores
pelo hoje presidente. Criado para
desarmar eventuais "armadilhas"
contra o PT e recolher informações sobre adversários do partido,
o grupo é formado por sindicalistas, advogados e procuradores.
A Folha apurou, por exemplo,
que um dossiê sobre sindicalistas
envolvidos na máfia dos transportes em São Paulo consta das
atividades do grupo. Esse assunto
interessa à prefeita Marta Suplicy,
que é candidata à reeleição e sofre
oposição de parte do setor. Paulinho é pré-candidato a prefeito da
capital paulista pelo PDT.
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