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"Kroll extrapolou demais", declara
um ex-investigador da empresa
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"Esse negócio de arapongagem,
de entrar no meio de uma disputa
entre sócios de uma empresa, está
completamente fora do âmbito
em que a Kroll deveria atuar", diz
James Wygand, 61, o investigador
privado norte-americano que introduziu no Brasil, em 1995, a firma que ficou famosa por rastrear
fortunas ilegais no exterior.
"Quando eu estava na companhia, não havia, sob hipótese alguma, a possibilidade de grampo", diz. Pelo que leu nos jornais,
Wygand acha que a Kroll "extrapolou demais" quando o caso
atingiu pessoas do governo.
Ele se refere ao monitoramento
de reunião secreta do presidente
do Banco do Brasil, Cassio Casseb, com executivos da Telecom
Italia, em Portugal, e às acusações
de "violação sistemática" de direitos, como a interceptação de telefonemas e e-mails do ministro
Luiz Gushiken (Comunicação).
"Não posso julgar se fizeram isso. Mas a Kroll é acusada de um
crime muito sério. De certa forma, isso já faz com que a empresa
tenha a sua ética comprometida",
diz. Wygand hoje tem sua própria
empresa, a Risk Solutions Group,
com sede em São Paulo.
Ele diz que a investigação privada tem limites: "Se alguém alega
que o sócio levou US$ 5 milhões,
verifica-se se houve o roubo e tenta-se localizar o dinheiro. Se for
necessário violar o sigilo, haverá
então elementos para pedir judicialmente que isso seja feito."
Ações frustradas
Versão privada da CIA (agência
de inteligência dos EUA), a Kroll
Associates foi fundada por Jules
Kroll, um ex-investigador do FBI
(Federal Bureau of Investigations), dos Estados Unidos.
A Kroll rastreou no exterior os
bens de PC Farias, tesoureiro de
campanha do candidato a presidente da República Fernando
Collor de Mello. Em 1998, tentou
recuperar, sem sucesso, US$ 181,6
milhões desviados do Noroeste.
Em 1998, a Kroll foi alvo de apuração da Polícia Federal por causa
de investigação que realizou para
checar a autenticidade dos papéis
do chamado "Dossiê Caribe"
-suposta chantagem contra o
governo FHC. O diretor da Kroll,
Eduardo Sampaio, acareado com
o repórter da Folha, refez o depoimento em que apresentara a sua
versão da entrevista.
Em 2000, a Kroll evitou comentar informação do "Financial Times" dando conta de que a firma
de investigação havia sido vítima
de fraude, no Brasil, na sociedade
com a O'Gara, firma especializada
em blindagem de veículos.
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