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O PERFIL DO BANQUEIRO
Empresário trabalhou normalmente ontem, um dia após ação da PF
Discreto, Dantas iniciou império na BA
DA REDAÇÃO
Fiel ao estilo de educação inglesa, o engenheiro e economista Daniel Dantas, 48, trabalhou
normalmente, ontem, um dia
depois de o Opportunity ter sido alvo de diligência da Polícia
Federal. Frio, determinou à
equipe que fizesse o mesmo. "O
resto é assunto de advogados",
disse aos comandados.
Dantas mantém a imagem de
empreendedor capaz de reunir
fortunas com a mesma obstinação e frieza com que afasta sócios em disputas. Discreto na vida pessoal, um dos homens
mais ricos do Brasil, trabalha
das 7h30 às 23h. Não tira férias
nem ostenta riqueza. Pouco sai
de sua cobertura, no Rio.
Esse empresário baiano começou a trabalhar cedo. Montou fábrica de sacolas, teve posto
de gasolina, trabalhou na indústria têxtil e numa empresa de turismo. Foi engenheiro na empreiteira baiana Odebrecht.
Ligado ao PFL, aproximou-se
do senador Antonio Carlos Magalhães por indicação de Mário
Henrique Simonsen. Foi conselheiro do partido e do governo
federal nas sugestões para tentar
salvar o banco Econômico.
Durante dez anos, foi sócio do
também baiano Nizan Guanaes
na agência de publicidade DM9.
Dantas fez doutorado no Massachusets Institute of Technology, nos EUA. De volta ao Brasil, empregou-se no Bradesco.
Conheceu Antônio Carlos de
Almeida Braga, ex-presidente
daquele banco. Braga o convidou para trabalhar no banco
Icatu, do qual foi presidente.
Dantas foi citado como possível ministro da Fazenda no governo Fernando Collor (1990-1992). Antes do confisco, investiu em café e soja e fez bom dinheiro com exportações.
O banco Opportunity começou a operar em 1996. Sua irmã,
Verônica Dantas, é considerada
uma expert na área jurídica. Teve como sócio Pérsio Arida, ex-presidente do Banco Central.
O império de Dantas foi montado em cima de fundos de pensão públicos e de sócios estrangeiros com os quais tinha conflitos: a Telecom Italia, na telefonia fixa, e o grupo canadense
TIW, no caso dos celulares.
Questionava-se seus poderes de
gestor, sendo um minoritário.
Os fundos de pensão exigiam
maior transparência no caixa
gerido pelo Opportunity.
Em 1998, Dantas esteve no
centro das investigações sobre
suspeitas de favorecimento na
privatização de empresas do
Sistema Telebrás. Em maio de
1999, começaram as divergências com os sócios Telecom Italia e os fundos de pensão. Os italianos achavam que os acordos
da fundação da sociedade eram
lesivos a seus interesses.
Em 2000, sócios e fundos de
pensão estatais entraram na Justiça contra o Opportunity, por
supostas manobras societárias.
Dantas mantém há anos uma
disputa com um ex-sócio, Luis
Roberto Demarco Almeida, que
o acusou de falsificar documentos para prejudicá-lo. Dantas
alegou ser alvo de chantagem.
Neste ano, a Brasil Telecom
-controlada por Dantas- foi
acusada de contratar a Kroll para espionar a Telecom Italia. As
investigações teriam extrapolado o mundo empresarial, atingindo figuras do governo federal. Dantas negou que tivesse
pedido à Kroll a violação do sigilo telefônico de pessoas.
Em agosto, foi aberto processo sob a acusação de "denunciação caluniosa" por Dantas contra Demarco e o ex-presidente
da TIW, Bruno Ducharme.
Em setembro, o procurador
da República Luiz Francisco de
Souza ofereceu ação de improbidade administrativa combinada com ação civil pública
contra o Opportunity e Dantas.
A Comissão de Valores Mobiliários multou o Opportunity
por burlar regras do Banco Central ao admitir brasileiros num
fundo de investimento estrangeiro nas ilhas Cayman.
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