São Paulo, sexta-feira, 29 de outubro de 2004

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RIO DE JANEIRO/CAMPOS

Benefício do governo estadual estava sendo distribuído a eleitores por partidários de Geraldo Pudim, apoiado pelos Garotinho

PF prende 4 acusados de favorecer peemedebista

SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A CAMPOS (RJ)

Uma ação conjunta da Justiça Eleitoral, do Ministério Público Estadual e da Polícia Militar apreendeu ontem, a três dias da eleição, 238 cheques-cidadão que seriam distribuídos em benefício de Geraldo Pudim (PMDB), candidato a prefeito de Campos (cidade a 280 km do Rio) que é apoiado pelo ex-governador Anthony Garotinho e sua mulher, a governadora Rosinha Matheus, ambos também do PMDB.
Os cheques estavam na casa de Cosme Rangel do Rosário, que disputou, sem sucesso, uma vaga de vereador no município. A residência, no bairro Fundão, tem na fachada adesivos e galhardetes de Pudim. Rosário e mais três pessoas que estavam na casa foram detidas e levadas para depor na sede local da Polícia Federal. Rosário foi indiciado por desobediência à Lei Eleitoral e captação de votos. A polícia apreendeu no local uma pistola calibre 380.
Para reforçar a suspeita de que os cheques estariam sendo usados com fins eleitorais, os fiscais do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) apreenderam listas com nomes de beneficiados, onde ainda havia o número do título de eleitor. Também foram apreendidos títulos deixados pelas pessoas com Rosário em troca dos cheques.
Os cheques-cidadão, no valor total de R$ 23.800, as listagens e os títulos estavam em envelopes com o timbre do governo estadual. Também foram apreendidas bandeiras e camisas da campanha de Pudim.
Em outra ocorrência, foram presos durante uma panfletagem pró-Pudim o cabo Francisco de Assis Silva e o soldado Dinofran Cláudio Corrêa da Silva, que trabalham no 8º BPM (Batalhão de Polícia Militar), o único da cidade.
Vestidos com a camisa de Pudim e armados, os PMs foram denunciados por pessoas que se sentiram ameaçadas por eles no bairro São Benedito. Policiais que patrulhavam a área foram chamados e prenderam os colegas.
A apreensão dos cheques-cidadão preocupou Garotinho e Rosinha, que, ao saber do fato, mandou a Campos imediatamente o subsecretário estadual de Ação Social, Ricardo Bittar. Em nota, o governo do Estado disse que Bittar recolherá todos os cheques-cidadão em poder de voluntários.
Rosário, segundo a assessoria, é voluntário cadastrado pela Secretaria de Ação Social. Ele será afastado, diz a nota, "se ficar comprovado" que usava os cheques-cidadão "de forma indevida".
O temor do casal decorre do fato de tramitar no TRE ação na qual o Ministério Público pede a impugnação da candidatura de Pudim, acusado de se beneficiar de programas do Estado.

"Cheque-corujão"
Segundo fiscais do TRE, para burlar a decisão judicial que proíbe a distribuição de cheques, bolsas de comida e material escolar até a eleição, Rosário vinha fazendo a entrega de casa em casa, de madrugada. Tanto que, na área, o cheque-cidadão passou a ser chamado de "cheque-corujão".
O cheque-cidadão é um dos principais programas do governo Rosinha. Ele vale R$ 100. Teriam direito ao benefício as famílias cuja renda mensal não soma um terço do valor do salário mínimo (R$ 260). Pudim tem como adversário o ex-deputado federal Carlos Alberto Campista (PDT).


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