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RIO DE JANEIRO/CAMPOS
Benefício do governo estadual estava sendo distribuído a eleitores por partidários de Geraldo Pudim, apoiado pelos Garotinho
PF prende 4 acusados de favorecer peemedebista
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A CAMPOS (RJ)
Uma ação conjunta da Justiça
Eleitoral, do Ministério Público
Estadual e da Polícia Militar
apreendeu ontem, a três dias da
eleição, 238 cheques-cidadão que
seriam distribuídos em benefício
de Geraldo Pudim (PMDB), candidato a prefeito de Campos (cidade a 280 km do Rio) que é
apoiado pelo ex-governador Anthony Garotinho e sua mulher, a
governadora Rosinha Matheus,
ambos também do PMDB.
Os cheques estavam na casa de
Cosme Rangel do Rosário, que
disputou, sem sucesso, uma vaga
de vereador no município. A residência, no bairro Fundão, tem na
fachada adesivos e galhardetes de
Pudim. Rosário e mais três pessoas que estavam na casa foram
detidas e levadas para depor na
sede local da Polícia Federal. Rosário foi indiciado por desobediência à Lei Eleitoral e captação
de votos. A polícia apreendeu no
local uma pistola calibre 380.
Para reforçar a suspeita de que
os cheques estariam sendo usados
com fins eleitorais, os fiscais do
TRE (Tribunal Regional Eleitoral)
apreenderam listas com nomes
de beneficiados, onde ainda havia
o número do título de eleitor.
Também foram apreendidos títulos deixados pelas pessoas com
Rosário em troca dos cheques.
Os cheques-cidadão, no valor
total de R$ 23.800, as listagens e os
títulos estavam em envelopes
com o timbre do governo estadual. Também foram apreendidas bandeiras e camisas da campanha de Pudim.
Em outra ocorrência, foram
presos durante uma panfletagem
pró-Pudim o cabo Francisco de
Assis Silva e o soldado Dinofran
Cláudio Corrêa da Silva, que trabalham no 8º BPM (Batalhão de
Polícia Militar), o único da cidade.
Vestidos com a camisa de Pudim e armados, os PMs foram denunciados por pessoas que se sentiram ameaçadas por eles no bairro São Benedito. Policiais que patrulhavam a área foram chamados e prenderam os colegas.
A apreensão dos cheques-cidadão preocupou Garotinho e Rosinha, que, ao saber do fato, mandou a Campos imediatamente o
subsecretário estadual de Ação
Social, Ricardo Bittar. Em nota, o
governo do Estado disse que Bittar recolherá todos os cheques-cidadão em poder de voluntários.
Rosário, segundo a assessoria, é
voluntário cadastrado pela Secretaria de Ação Social. Ele será afastado, diz a nota, "se ficar comprovado" que usava os cheques-cidadão "de forma indevida".
O temor do casal decorre do fato de tramitar no TRE ação na
qual o Ministério Público pede a
impugnação da candidatura de
Pudim, acusado de se beneficiar
de programas do Estado.
"Cheque-corujão"
Segundo fiscais do TRE, para
burlar a decisão judicial que proíbe a distribuição de cheques, bolsas de comida e material escolar
até a eleição, Rosário vinha fazendo a entrega de casa em casa, de
madrugada. Tanto que, na área, o
cheque-cidadão passou a ser chamado de "cheque-corujão".
O cheque-cidadão é um dos
principais programas do governo
Rosinha. Ele vale R$ 100. Teriam
direito ao benefício as famílias cuja renda mensal não soma um terço do valor do salário mínimo (R$
260). Pudim tem como adversário
o ex-deputado federal Carlos Alberto Campista (PDT).
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