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JUDICIÁRIO
Presidente do Supremo critica demora de juízes e afirma que, caso ele erre, há outros dez ministros para corrigi-lo
Corrêa diz preferir, "às vezes", erro a demora
DA REDAÇÃO
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Maurício Corrêa,
disse ontem que, às vezes, é preferível que, nos julgamentos do tribunal, os ministros dêem seus votos rapidamente, mesmo correndo o risco de errar.
"Às vezes, é muito preferível
que um juiz dê logo o seu voto,
ainda que errado", discursou o
ministro em São Paulo durante almoço no qual o Instituto dos Advogados do Estado lhe concedeu
o título de associado honorário.
"Assim eu faço no Supremo Tribunal Federal. Eu não quero ver o
meu gabinete entulhado de processos. Eu quero é julgar. Se eu estiver errado, há mais dez [ministros do Supremo] para corrigir",
completou Corrêa. Ele acrescentou que sempre esteve em primeiro lugar em número de votos e recursos julgados no Supremo.
O ministro criticou a demora de
magistrados para analisar processos quando pedem vista: "Há juízes que pedem vista, e a vista perde de vista". "Eu, quando era advogado, ficava muito triste quando via um juiz que se eternizava
no processo", disse o ministro,
que, antes, havia afirmado que
sente "orgulho" por ter trabalhado como advogado principalmente junto aos tribunais de primeira instância antes de chegar ao
Supremo. Por não ter sido um advogado de renome, sua nomeação
foi, segundo ele, muito criticada.
Corrêa disse também que,
quando assumiu a presidência do
Supremo, não era respeitado o
prazo regimental de 20 dias para
que sejam feitas atualizações nos
acórdãos (decisões em recursos
dirigidos a tribunais superiores)
após o julgamento. Ele então propôs uma resolução pela qual, se o
prazo for descumprido, o processo em questão é publicado tal como foi manuseado no julgamento. Com a regra, teria sido possível
reduzir o número de acórdãos
que aguardam atualização.
Como exemplo da agilidade que
o Supremo teria ganho desde que
Corrêa assumiu, a assessoria do
ministro afirma que, na época da
sua posse, em junho, havia cerca
de 5.000 pedidos de intervenções
federais em Estados e municípios
esperando decisão do tribunal.
Hoje, eles teriam sido reduzidos
para aproximadamente 250.
Anteontem, o ministro havia dito que o Supremo deve terminar
seu projeto de reforma do Judiciário no próximo dia 19. Um dos
objetivos da reforma é dar mais
agilidade à Justiça.
Na mesma fala, Corrêa também
disse que o descrédito do Judiciário atingiu o "fundo do poço". O
comentário é uma referência à
Operação Anaconda, que investiga supostos envolvimentos de juízes em irregularidades como a
venda de sentenças.
Magistrados têm dito que, mesmo que comprovado o envolvimento de alguns juízes em casos
de corrupção, a grande maioria
deles é honesta.
No discurso de ontem, o presidente do Supremo, que já foi senador e ministro da Justiça, se
queixou de que tem sido muito
criticado ao longo de sua vida pública. "Apanho que nem cachorro
sem dono."
(GUILHERME BAHIA)
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