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CRIME ORGANIZADO
Parte do dinheiro vem da Assembléia Legislativa de Mato Grosso, que deve à empresa de João Arcanjo
Justiça bloqueia R$ 25,6 mi de "comendador"
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O juiz Julier Sebastião da Silva,
da 1ª Vara Federal de Cuiabá
(MT), decidiu nesta semana colocar sob custódia da Justiça Federal
R$ 25.665.887,82 do ex-policial civil João Arcanjo Ribeiro, 52, de
suas empresas e de sua mulher,
Silvia Chirata.
Arcanjo é acusado de liderar
uma das maiores organizações
criminosas do país, com sede em
Mato Grosso.
Se o ex-policial for condenado,
o dinheiro pode ficar definitivamente com a União e deverá ser
gasto em projetos para a segurança pública.
Do valor total de R$ 25,6 milhões, R$ 8.462.122,54 são em dinheiro. A quantia, que estava em
bancos privados será depositada,
por ordem do juiz, em uma agência da Caixa Econômica Federal
na conta da Justiça Federal.
Também sob custódia e guardados em cofre estão cheques que
somam R$ 548.765,28.
Na decisão, o juiz Silva ainda
entendeu que a Assembléia Legislativa do Estado de Mato Grosso
deve R$ 16.655.000 à Confiança
Factoring, empresa de Arcanjo
supostamente usada em esquema
de lavagem de dinheiro.
A quantia corresponde a notas
promissórias e a um cheque também sob custódia da Justiça, o que
totaliza os R$ 25,6 milhões.
Não foi incluído o patrimônio
do ex-policial, como um avião, fazendas, um shopping em Rondonópolis (MT), jóias, imóveis e as
empresas de factoring.
Conhecido como "comendador", Arcanjo está preso desde
abril em Montevidéu, Uruguai,
por uso de documento falso. No
Brasil, ele responde a processos
por lavagem de dinheiro, sonegação de R$ 842 milhões, formação
de quadrilha e assassinatos.
O juiz federal determinou ainda
que o Deutsche Bank e o BankBoston sejam notificados para dar
informações sobre contas bancárias de Arcanjo.
Documentos recebidos em
agosto pelo juiz apontam que Arcanjo movimentou pelo menos
US$ 69,8 milhões nas agências do
Deutsche Bank e do Bankboston
em Montevidéu e em Nova York
(EUA) de setembro de 1999 a dezembro de 2002.
Assembléia
Os R$ 16,6 milhões que, segundo a Justiça Federal, a Assembléia
Legislativa de Mato Grosso deve à
empresa de factoring de Arcanjo
correspondem a 23 notas promissórias no valor de R$ 15,6 milhões
e a um cheque de R$ 1 milhão.
Até a semana passada, a Justiça
relacionava 22 promissórias no
valor de R$ 15,2 milhões assinadas
pelo presidente da Assembléia,
José Geraldo Riva (PTB), e pelo
deputado licenciado Humberto
Bosaipo (sem partido).
A Justiça determinou que o dinheiro fosse devolvido no prazo
de 24 horas, porque a quantia faz
parte dos bens bloqueados de Arcanjo. O TRF (Tribunal Regional
Federal) da 1ª Região, em Brasília,
suspendeu a decisão no dia 17.
Um relatório do Banco Central
aponta que a Assembléia Legislativa pagou R$ 65,2 milhões de
1998 a dezembro de 2002 para a
Confiança Factoring.
Em junho, durante um depoimento na Justiça, o ex-gerente da
factoring Nilson Teixeira disse
que o dinheiro foi usado para pagar dívidas com fornecedores e
com deputados e as despesas de
campanhas eleitorais.
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