São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 2006

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"Mandato da divergência acabou", diz Lula para o PDT

Presidente convida partido, antes na oposição, a integrar "coalizão" do 2º governo

Executiva pedetista vai analisar proposta; Jackson Lago diz que "tendência" da sigla é aceitar; Cristovam Buarque condena adesão


EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No dia em que convidou o PDT para integrar formalmente a base de apoio de seu próximo governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o "mandato da divergência" acabou e que, a partir de agora, está pronto para construir uma gestão de "convergência".
Em conversas recentes, Lula tem admitido que, no primeiro mandato, falhou na relação com líderes políticos. "Esse mandato acabou, o mandato da divergência acabou. Agora, a gente pode construir o mandato da convergência, e o PDT é uma peça fundamental, é um partido que tem afinidades com o PT. Eu, pessoalmente, me dou muito bem com muita gente do PDT", disse o presidente após a reunião.
Antes, em seu gabinete, Lula convidou o partido, que fez oposição ao seu primeiro mandato, a integrar a "coalizão" do segundo governo. Com isso, o PDT teria direito a uma vaga no conselho político de governo (até agora com PT, PMDB, PC do B, PSB, PRB e PV), além de cargos em diferentes escalões.
Por ora, o presidente do PDT, Carlos Lupi, diz que vai levar o convite de Lula aos demais integrantes da executiva do partido. O governador eleito do Maranhão, Jackson Lago, que também participou do encontro, disse que a "tendência" do partido é aceitar a oferta. Sobre o fato de o PDT estar perto de um apoio formal ao mesmo governo que criticou, Lupi disse, numa referência a Lula, que o "ser humano é o único ser vivo que tem direito à evolução".
Ausente na reunião, o senador e candidato derrotado a presidente, Cristovam Buarque (DF), afirmou que o PDT cometerá um erro, caso aceite a oferta de Lula. "Nessa coalizão, o PDT deixará órfão vários daqueles que esperam uma outra alternativa ao país. Ou seja, que não querem o Lula nem o pré-Lula, e sim o pós-Lula." O senador disse que ficará no partido.
O presidente contou uma nova versão sobre ter demitido Cristovam Buarque, por telefone, do Ministério da Educação. "Na época [janeiro de 2004], não sabia que ele [Cristovam] estava viajando [em Portugal]. Talvez ele não tenha me comunicado", disse, segundo relatos de participantes da reunião.


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