São Paulo, quinta-feira, 29 de novembro de 2007

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Consenso entre traficantes rivais permite teleférico

DA SUCURSAL DO RIO

A rendição do Morro do Adeus e sua ocupação sem tiros pelo Comando Vermelho no dia 4 unificou o domínio de todas as favelas do Complexo do Alemão, na zona Norte do Rio de Janeiro, e resolveu parcialmente um problema que preocupava moradores das favelas.
Eles serão atendidos por obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que começam em janeiro e cuja principal vitrine no Complexo do Alemão é o teleférico, que unirá a estação ferroviária de Bonsucesso a cinco morros da Serra da Misericórdia.
Orçado em mais de R$ 150 milhões e com previsão para transportar por dia 30 mil pessoas, o teleférico vinha sendo questionado por associações de moradores que temiam um aumento da violência na região.
O trajeto do teleférico prevê uma parada no Morro do Adeus, favela que até o dia 30 de outubro era dominada pelo TCP (Terceiro Comando Puro). Depois, os cabos seguem para o Morro da Baiana, Morro do Alemão, Alvorada/Itararé e terminam na Fazendinha, todas áreas controladas pelo CV.
Em reunião no auditório da Caixa Econômica Federal no dia 12, o vice-presidente da Faferj (Federação das Associações de Favelas do Rio), José Nerson, expressou a preocupação de moradores com as hostilidades na parada do Morro do Adeus aos moradores vindos de morros do CV. "As comunidades precisam ser ouvidas. Já ouvimos dos companheiros do Alemão: "Não pode descer no teleférico porque vão fuzilar a gente'", afirmou.
Segundo o delegado da 21ª DP, Aldari Vianna, o Morro do Adeus não foi invadido por integrantes do CV, mas houve um acordo entre o principal traficante do Alemão, Antônio Ferreira de Souza, o Tota, e o então chefe do Morro do Adeus, Marcelo Fanhoso.
Até 1994, o Adeus era controlado pelo CV. Naquele ano, o traficante Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, ordenou a morte do traficante Orlando da Conceição, o Orlando Jogador, que chefiava o tráfico do CV no vizinho Complexo do Alemão. O episódio foi um dos mais violentos da guerra do tráfico no Rio. Com Jogador, foram mortos mais 11 integrantes da quadrilha do Alemão.
(MÁRCIA BRASIL e MARCELO BERABA)


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