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Procuradoria investiga policiais por atentado
O alvo dos suspeitos, investigados pela Operação Avalanche, seria um fiscal da Fazenda de São Paulo
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal
em Santos (SP) investiga se
dois policiais e um advogado ligados aos publicitário Marcos
Valério de Souza agiram para
provocar um acidente automobilístico que ferisse um fiscal da
Fazenda de São Paulo.
As evidências sobre a tentativa de provocar o acidente nasceram nas interceptações telefônicas, que revelaram conversas entre policiais e um advogado no sentido de machucar um
fiscal. Pelo teor dos diálogos, o
acidente efetivamente aconteceu e o alvo se machucou, porém sem gravidade.
Não há provas que envolvam
o publicitário, que é réu no caso
do mensalão, neste episódio.
Os suspeitos são o advogado
Ildeu Pereira e os policiais Paulo Endo e Daniel Balde. Esses
três, ao lado de Marcos Valério
e mais seis pessoas, respondem
na Justiça a acusação de terem
fabricado um inquérito, a mando da Cervejaria Petrópolis, para intimidar dois fiscais da Fazenda, Antonio Carlos de Moura e Eduardo Friedman.
Todos negam qualquer tentativa de prejudicar os fiscais.
Moura foi o responsável por
um relatório de inteligência
que imputou irregularidades à
Petrópolis e à distribuidora
Praiamar, que receberam multas milionárias. Friedman, por
sua vez, determinou a fiscalização na Praiamar, que acabou
multada em R$ 104 milhões.
Ontem, Campos afirmou que
não foi vítima de nenhum acidente automobilístico. Friedman, segundo a Secretaria da
Fazenda, está de férias e não
pôde ser localizado.
O Ministério Público Federal
pediu à Polícia Federal a abertura de um inquérito para investigar o acidente. Segundo a
Folha apurou, pelo teor dos
diálogos, o objetivo seria assustar o fiscal, não matar o alvo.
Para o Ministério Público, o
dono da Cervejaria Petrópolis,
Walter Faria, ofereceu R$ 3 milhões pela abertura do falso inquérito e pelo "vazamento" da
história para a imprensa. Em
caso de prisão dos fiscais, a
oferta iria para R$ 5 milhões.
"O grupo apenas consideraria cumprido seu objetivo com
a comunicação da chefia dos
agentes fiscais acerca da existência do inquérito, bem como
com a veiculação da notícia da
investigação em veículos de
imprensa de circulação nacional ou com grande circulação
em São Paulo. Como objetivo
final, colocava-se a prisão dos
fiscais", informou a Procuradoria na denúncia.
Marcos Valério, o sócio dele,
Rogério Tolentino, e Walter
Faria foram denunciados (acusados formalmente) pelos crimes de formação de quadrilha,
denunciação caluniosa (duas
vezes) e corrupção (três vezes).
A pena para os crimes pode
chegar a 51 anos de prisão.
O publicitário e outras sete
pessoas estão presas desde 10
de outubro, quando a PF deflagrou a Operação Avalanche.
Marcos Valério, sustenta a
Procuradoria, foi contratado
informalmente pela cervejaria,
"como forma de intimidação,
vingança e demonstração de
poder" da cervejaria.
O publicitário é acusado de
ter arquitetado um esquema de
desmoralização dos fiscais com
o objetivo de desconstituir as
multas milionárias lançadas
contra as empresas.
Para o serviço, diz Procuradoria, Marcos Valério contatou
dois advogados, Eloá Velloso e
Ildeu Sobrinho, que, com a ajuda de seis policiais, levantaram
dados pessoais dos fiscais e
abriram o inquérito.
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