São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2008

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Procuradoria investiga policiais por atentado

O alvo dos suspeitos, investigados pela Operação Avalanche, seria um fiscal da Fazenda de São Paulo

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público Federal em Santos (SP) investiga se dois policiais e um advogado ligados aos publicitário Marcos Valério de Souza agiram para provocar um acidente automobilístico que ferisse um fiscal da Fazenda de São Paulo.
As evidências sobre a tentativa de provocar o acidente nasceram nas interceptações telefônicas, que revelaram conversas entre policiais e um advogado no sentido de machucar um fiscal. Pelo teor dos diálogos, o acidente efetivamente aconteceu e o alvo se machucou, porém sem gravidade.
Não há provas que envolvam o publicitário, que é réu no caso do mensalão, neste episódio.
Os suspeitos são o advogado Ildeu Pereira e os policiais Paulo Endo e Daniel Balde. Esses três, ao lado de Marcos Valério e mais seis pessoas, respondem na Justiça a acusação de terem fabricado um inquérito, a mando da Cervejaria Petrópolis, para intimidar dois fiscais da Fazenda, Antonio Carlos de Moura e Eduardo Friedman.
Todos negam qualquer tentativa de prejudicar os fiscais.
Moura foi o responsável por um relatório de inteligência que imputou irregularidades à Petrópolis e à distribuidora Praiamar, que receberam multas milionárias. Friedman, por sua vez, determinou a fiscalização na Praiamar, que acabou multada em R$ 104 milhões.
Ontem, Campos afirmou que não foi vítima de nenhum acidente automobilístico. Friedman, segundo a Secretaria da Fazenda, está de férias e não pôde ser localizado.
O Ministério Público Federal pediu à Polícia Federal a abertura de um inquérito para investigar o acidente. Segundo a Folha apurou, pelo teor dos diálogos, o objetivo seria assustar o fiscal, não matar o alvo.
Para o Ministério Público, o dono da Cervejaria Petrópolis, Walter Faria, ofereceu R$ 3 milhões pela abertura do falso inquérito e pelo "vazamento" da história para a imprensa. Em caso de prisão dos fiscais, a oferta iria para R$ 5 milhões.
"O grupo apenas consideraria cumprido seu objetivo com a comunicação da chefia dos agentes fiscais acerca da existência do inquérito, bem como com a veiculação da notícia da investigação em veículos de imprensa de circulação nacional ou com grande circulação em São Paulo. Como objetivo final, colocava-se a prisão dos fiscais", informou a Procuradoria na denúncia.
Marcos Valério, o sócio dele, Rogério Tolentino, e Walter Faria foram denunciados (acusados formalmente) pelos crimes de formação de quadrilha, denunciação caluniosa (duas vezes) e corrupção (três vezes). A pena para os crimes pode chegar a 51 anos de prisão.
O publicitário e outras sete pessoas estão presas desde 10 de outubro, quando a PF deflagrou a Operação Avalanche.
Marcos Valério, sustenta a Procuradoria, foi contratado informalmente pela cervejaria, "como forma de intimidação, vingança e demonstração de poder" da cervejaria.
O publicitário é acusado de ter arquitetado um esquema de desmoralização dos fiscais com o objetivo de desconstituir as multas milionárias lançadas contra as empresas.
Para o serviço, diz Procuradoria, Marcos Valério contatou dois advogados, Eloá Velloso e Ildeu Sobrinho, que, com a ajuda de seis policiais, levantaram dados pessoais dos fiscais e abriram o inquérito.


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