São Paulo, domingo, 29 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lindberg critica influência de Cabral no PT

Petista diz temer "jogo sujo" e uso da máquina pública em favor da ala pró-PMDB no 2º turno da disputa pelo partido no Rio
Para Luiz Sérgio, favorável à aliança com Cabral na disputa estadual de 2010, a declaração de Lindberg é "desrespeitosa" com o PT


SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), alertou petistas que apoiam sua candidatura ao governo do Estado do Rio em 2010 para a possibilidade de emprego da máquina pública estadual na cooptação de lideranças do partido em bairros da região metropolitana e no interior fluminense. Isso seria, disse, um "jogo sujo".
Postulante à sucessão de Sérgio Cabral Filho (PMDB), ele é contra o PT apoiar a reeleição do atual governador, como defendem dirigentes nacionais e estaduais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra Dilma Rousseff, provável candidata do partido à Presidência.
A tese da candidatura própria obteve sucesso na eleição para o Diretório Estadual no domingo. Candidato de Lula e da aliança com o PMDB, o deputado federal Luiz Sérgio teve 39,7% dos votos (14.191), mas não conseguiu evitar o segundo turno contra Lourival Casula, com 25,3% (9.024 votos).
A questão é que Casula não estava sozinho ao defender a candidatura de um petista. A proposta também foi assumida pelos derrotados Bismarck Alcântara (22,9%, 8.167 votos) e André Taffarel (2,75%; 982 votos). Com 3.303 votos (9,26%), Waldeck Carneiro não se manifestou sobre a candidatura petista ou apoio a Cabral.
A tendência é que Casula receba no início da semana que vem o apoio de Alcântara, Taffarel e Carneiro, o que representará uma vitória para o prefeito de Nova Iguaçu.
Mesmo se a tese for derrotada no segundo turno, no próximo dia 6, com a vitória de Luiz Sérgio, Lindberg disse ontem à Folha que não desistirá da candidatura, apresentando-a na convenção de 2010.
Ele afirmou que Cabral e dirigentes do PMDB no Estado, "infelizmente", estão interferindo no processo eleitoral interno do PT.
"Acho que hoje há participação clara de pessoas do PMDB, não só o Cabral. (...) Estão tentando participar, influenciar na eleição do Luiz Sérgio. A gente tem que ficar muito atento para que tenha um jogo limpo aqui no Rio. Acho que só assim a gente perderia a eleição. Estamos em cima", disse ele, sem citar um caso concreto de cooptação de petistas.
A assessoria do governador informou que ele, em viagem particular, não faria comentários sobre as declarações.
Para Luiz Sérgio, o prefeito tenta atritar o PT e o PMDB. "Essa preocupação dele é desrespeitosa com o PT. A base do PT não está em leilão", disse.
Lindberg repetiu não acreditar que o presidente Lula peça que desista da candidatura.
"Lula não me pediria isso. Quem conhece o Lula sabe que ele não pede, não é o estilo dele. Ele já falou que não pediria para ninguém retirar a candidatura porque já foi candidato várias vezes", disse o prefeito, para quem "tem gente no palácio [do Planalto] que começa a sentir que palanques duplos não são ruins para Dilma".
"No Rio, Dilma tem três palanques [de Cabral, dele e de Garotinho, do PR]. [José] Serra [governador de SP e pré-candidato do PSDB à Presidência] não tem candidato aqui hoje."


Texto Anterior: Janio de Freitas: Aliados da corrupção
Próximo Texto: Juízes reivindicam ao CNJ vale-refeição e auxílio-moradia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.