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Segurança admite saques em contas da Skymaster
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Francisco Marques Carioca, 42, segurança da empresa
Cortez Câmbio e Turismo,
admitiu ontem em depoimento à CPI dos Correios ter
efetuado 27 saques nas contas da empresa de aviação
Skymaster, prestadora de
serviço de correio aéreo noturno dos Correios, que totalizam R$ 1,036 milhão, no
período de fevereiro de 2000
a julho de 2001.
Segundo Carioca, os saques foram feitos em agências em Manaus, sempre a
mando de um suposto advogado informal da Skymaster
chamado Marcus Valerius
Pinto de Macedo, que hoje
ele diz "não saber se está
mais gordo ou mais magro".
Carioca afirmou que recebia R$ 50 entregues após cada visita ao banco pelo advogado e disse que não se preocupou em fazer os saques
porque "não imaginava de
onde vinha o dinheiro". Disse também que, inicialmente, sua função seria escoltar o
advogado nas as operações
bancárias, mas que aceitou
receber os pagamentos em
seu nome para ganhar R$ 50.
No depoimento, Carioca
chegou a mudar sua versão.
Primeiro, disse que só conhecia o nome da empresa
Skymaster pela TV. Mas em
seguida, após ser confrontado com uma lista dos saques
feitos por ele em posse da
CPI, decidiu revelar os encontros com o advogado.
"Eu encontrava com ele no
banco e sacava os cheques
para ele. Fazia os saques porque era inocente", disse Carioca. "Pelo fato de ele ser
advogado eu o respeitava,
prevaleciam os R$ 50."
Carioca disse ter conhecido Pinto de Macedo em uma
boate, na qual "fazia bicos"
de segurança, em Manaus, e
que combinava as datas dos
saques no próprio local.
Ele disse "não se lembrar"
para onde o advogado levava as quantias, que algumas
vezes somavam mais de R$
150 mil embalados em sacolas. "O que me interessa
guardo na memória, mas o
que não interessa esqueci."
Para o sub-relator de contratos da CPI, deputado José
Eduardo Cardozo (PT-SP),
as operações podem revelar
uma fatia dos R$ 30 milhões
sacados das contas da
Skymaster de origem suspeita. "Ele omitiu visivelmente
para onde foi o dinheiro, o
que reforça a tese que pode
ser dinheiro de corrupção."
A CPI investiga se o dinheiro sacado por Carioca
era oriundo de propina paga
pela Skymaster aos Correios.
Também suspeita que a Cortez poderia servir para "lavar" o dinheiro ou remetê-lo
ao exterior. Os principais indícios são coincidências encontradas na quebra dos sigilos bancários das empresas com as datas dos saques
nas contas da Skymaster e
negociações com a estatal.
Por exemplo: dois dos 27
saques feitos por Carioca,
nos valores de R$ R$ 36 mil e
R$ 165 mil, foram efetuados
logo após uma dispensa de
licitação dos Correios que favoreceu a Skymaster. A negociação ocorreu no dia 26
de junho, e os saques nos
dias 27 e 28 daquele mês.
A Skymaster diz desconhecer qualquer funcionário
ou advogado chamado Marcus Valerius Pinto de Macedo. Sobre a existência dos saques, disse que é preciso
uma verificação minuciosa.
Após o depoimento, a CPI
aprovou a convocação de
Pinto de Macedo e uma acareação entre ele e Carioca.
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