São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 2001

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CONGRESSO

Cúpula do partido espera que senador receba pelo menos 20 votos

"Superterça" deve definir se Jader irá suceder ACM

Sérgio Lima/Folha Imagem
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL) chega ao Congresso


RAQUEL ULHÔA
FERNANDO RODRIGUES

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A cúpula do PMDB está confiante que o presidente do partido, senador Jader Barbalho (PA), será eleito hoje pela bancada candidato à presidência do Senado.
O senador paraense e seus aliados passaram o dia de ontem em intensa articulação para garantir a unanimidade dos votos dos peemedebistas na chamada "superterça", que pode definir o resultado da sucessão no Senado.
Mas a surpresa ainda pode ser o senador José Sarney (PMDB-AP), que conversou ontem com o presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o assunto e, depois do encontro, manteve o suspense sobre sua presença ou não na reunião de hoje.
À noite, o ex-presidente Sarney estaria novamente com Fernando Henrique Cardoso, em jantar no Palácio da Alvorada em homenagem ao ex-ministro das Relações Exteriores Luiz Felipe Lampreia.
Segundo a Folha apurou, FHC teria demonstrado preocupação com o clima de desavenças entre os parlamentares da base aliadas por conta das eleições para as Mesas Diretoras do Congresso.
Sarney teria reiterado no encontro sua posição expressa em nota oficial na semana passada: só será candidato de consenso.

26 votos
A bancada do PMDB no Senado, a maior entre todos os partidos, soma 26 integrantes. A votação para escolher o candidato é secreta. A cúpula espera ter pelo menos 20 votos a favor de Jader Barbalho. Menos que isso enfraqueceria sua posição. Os peemedebistas acham que, sem Sarney no páreo, seus aliados no partido votariam em Jader.
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), em conversa com congressistas pefelistas, apostou que haverá mais de seis dissidentes na bancada peemedebista.
Um lance decisivo desta ""superterça" será o lançamento do senador Jefferson Péres (PDT-AM) candidato do Bloco da Oposição a presidente do Senado.
Na avaliação das cúpulas do PMDB e PFL, a entrada oficial de Péres na disputa inviabiliza a candidatura de José Sarney e consuma a vitória de Jader.
O veto de ACM ao nome de Jader Barbalho deixa o PFL sem rumo nessa disputa, caso Sarney realmente não seja candidato.
O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), admitiu o lançamento de candidatura própria pelo partido, em reunião com um grupo de senadores pefelistas no gabinete do líder da bancada, senador Hugo Napoleão (PI).
Esse grupo, que incluiu ainda os senadores Edison Lobão (MA), José Jorge (PE) e José Agripino (RN), definiu as outras opções do partido, além da candidatura própria: votar em Péres, da oposição, ou votar em branco. Ambas foram consideradas improváveis.

Reunião do PFL
Isso será decidido amanhã em reunião da Executiva Nacional do PFL, convocada por Bornhausen. Na conversa de ontem, ele chegou a propor que o próprio ACM fosse lançado ao cargo, embora sem amparo regimental, só para marcar posição.
Segundo um senador presente, isso explicitaria a solidariedade do partido ao presidente do Senado. Outros nomes cogitados são os de Agripino e Napoleão.
O líder marcou reunião da bancada de senadores para terça-feira da próxima semana para definir a posição na eleição marcada para 14 de fevereiro.
Os pefelistas ainda vêem uma chance de o deputado federal Inocêncio Oliveira (PE) vencer o líder tucano Aécio Neves (PSDB-MG) na disputa pela presidência da Câmara. Segundo avaliação dos pefelistas, isso dependeria da posição do PT. Segundo eles, Inocêncio vencerá, caso os petistas não apóiem Aécio Neves.
Na reunião de amanhã, Inocêncio Oliveira receberá da Executiva Nacional plenos poderes para negociar todos os cargos da Mesa Diretora da Câmara, inclusive oferecendo a primeira vice-presidência -um cargo politicamente importante- ao PT.
Pelo menos três senadores da oposição condenam o lançamento de candidatura própria: Roberto Freire (PPS-PE), José Eduardo Dutra (PT-SE), e Tião Viana (PT-AC). O assunto será decidido hoje em reunião do bloco. A idéia é defendida principalmente pela líder, senadora Heloísa Helena (PT-AC) e pelo próprio Péres.
""O lançamento de Péres é uma hipocrisia. É um ato que não traz qualquer benefício à oposição e significa a eleição de Jader", disse José Eduardo Dutra.


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