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OUTRO LADO
Severino diz que foi traído e que seu nome sai da lista esta semana
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado federal Severino
Cavalcanti (PPB-PE), candidato à
presidência da Câmara, declarou
que foi "traído" por uma pessoa
que depositou um cheque antes
do prazo combinado e "desestabilizou" sua conta.
"Isso para mim é um negócio
terrível. Acaba comigo", disse o
deputado. Segundo ele, tudo já está sendo resolvido e seu nome deve sair da "lista negra" do Banco
Central até o fim desta semana.
"Diante da crise que existe aí, todo
mundo apela", justificou.
Ontem, o deputado exibiu à Folha cartas e cheques mostrando
que todos os seus credores já estavam satisfeitos com os pagamentos referentes aos cheques sem
fundos realizados.
Faltava apenas apresentar os
documentos ao Banco do Brasil
para que seu nome fosse retirado
da lista do Banco Central.
O deputado federal Carlos Batata (PSDB-PE) disse que vai passar
oito dias "sem coragem de ir à Câmara", pois é um "homem de
classe média e não um empresário que compra voto".
"No ano passado, financiei a
campanha de alguns prefeitos e,
em 1998, foi da minha eleição
mesmo. Não tenho apartamento
para morar e me dedico à vida pública. Sou um dos poucos deputados pobres", justificou Batata.
"Não faço mais isso, já jurei", prometeu o deputado.
Cheques roubados
A deputada federal Ana Catarina (PMDB-RN) disse que seus
cheques do Banco do Brasil e do
Real foram roubados de seu gabinete. Já o do Sudameris, de R$ 11
mil, só foi coberto em dezembro,
segundo ela. Os bancos, entretanto, ainda não retiraram o nome de
Ana Catarina do cadastro de emitentes de cheques sem fundos do
Banco Central.
Explicação semelhante foi apresentada pelo deputado Osvaldo
Biolchi (PMDB-RS) para justificar os cheques devolvidos. "Costumo deixar o talão assinado no
meu gabinete, e uma faxineira
que despedi levou os cheques.
Não se trata de cheque sem fundos que passei, mas de roubo",
afirmou Biolchi.
O deputado Aníbal Gomes
(PMDB-CE) reconheceu que abusou do saldo ao financiar as campanhas eleitorais de candidatos a
prefeituras no Ceará e disse que já
resgatou três cheques.
Laíre Rosado (PMDB-RN), na
sexta-feira, já havia conseguido
retirar seu nome do cadastro de
cheques sem fundos. Sua conta
estava regularizada.
João Caldas (PL-AL) culpou o
salário baixo pelos cheques devolvidos. "Isso é coisa de quem vive
no baixo clero, capengando", disse. O dinheiro, segundo ele, serviu
para atender a pequenos favores
pedidos por amigos.
Marcos Rolim (PT-RS) disse
que deu dois cheques de R$ 50 para um posto de gasolina. "A situação de um deputado não é o que
as pessoas imaginam. E, no PT,
30% do salário vai para o partido.
Sou como qualquer cidadão."
João Colaço (PMDB-PE) afirmou que a Caixa cometeu um
equívoco ao não retirar seu nome
do cadastro do BC, uma vez que
os cheques já foram todos pagos,
segundo ele.
Procurados pela Folha, não foram encontrados em seus gabinetes e telefones celulares os deputados Pedro Canedo (PSDB-GO),
Paulo Kobayashi (PSDB-SP), Lino Rossi (PSDB-MT), Gervásio
Silva (PFL-SC), Francisco Coelho
(PFL-MA), Celcita Pinheiro (PFL-MT), Paulo Rocha (PT-PA) e Aírton Roveda (PSDB-PR).
Jorge Costa (PMDB-PA) deixou
de ser deputado no início do ano
para assumir a Prefeitura de Capanema (PA). A Folha não conseguiu localizá-lo no município.
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