São Paulo, terça-feira, 30 de janeiro de 2001

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OUTRO LADO

Severino diz que foi traído e que seu nome sai da lista esta semana



DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado federal Severino Cavalcanti (PPB-PE), candidato à presidência da Câmara, declarou que foi "traído" por uma pessoa que depositou um cheque antes do prazo combinado e "desestabilizou" sua conta.
"Isso para mim é um negócio terrível. Acaba comigo", disse o deputado. Segundo ele, tudo já está sendo resolvido e seu nome deve sair da "lista negra" do Banco Central até o fim desta semana. "Diante da crise que existe aí, todo mundo apela", justificou.
Ontem, o deputado exibiu à Folha cartas e cheques mostrando que todos os seus credores já estavam satisfeitos com os pagamentos referentes aos cheques sem fundos realizados.
Faltava apenas apresentar os documentos ao Banco do Brasil para que seu nome fosse retirado da lista do Banco Central.
O deputado federal Carlos Batata (PSDB-PE) disse que vai passar oito dias "sem coragem de ir à Câmara", pois é um "homem de classe média e não um empresário que compra voto".
"No ano passado, financiei a campanha de alguns prefeitos e, em 1998, foi da minha eleição mesmo. Não tenho apartamento para morar e me dedico à vida pública. Sou um dos poucos deputados pobres", justificou Batata. "Não faço mais isso, já jurei", prometeu o deputado.

Cheques roubados
A deputada federal Ana Catarina (PMDB-RN) disse que seus cheques do Banco do Brasil e do Real foram roubados de seu gabinete. Já o do Sudameris, de R$ 11 mil, só foi coberto em dezembro, segundo ela. Os bancos, entretanto, ainda não retiraram o nome de Ana Catarina do cadastro de emitentes de cheques sem fundos do Banco Central.
Explicação semelhante foi apresentada pelo deputado Osvaldo Biolchi (PMDB-RS) para justificar os cheques devolvidos. "Costumo deixar o talão assinado no meu gabinete, e uma faxineira que despedi levou os cheques. Não se trata de cheque sem fundos que passei, mas de roubo", afirmou Biolchi.
O deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) reconheceu que abusou do saldo ao financiar as campanhas eleitorais de candidatos a prefeituras no Ceará e disse que já resgatou três cheques.
Laíre Rosado (PMDB-RN), na sexta-feira, já havia conseguido retirar seu nome do cadastro de cheques sem fundos. Sua conta estava regularizada.
João Caldas (PL-AL) culpou o salário baixo pelos cheques devolvidos. "Isso é coisa de quem vive no baixo clero, capengando", disse. O dinheiro, segundo ele, serviu para atender a pequenos favores pedidos por amigos.
Marcos Rolim (PT-RS) disse que deu dois cheques de R$ 50 para um posto de gasolina. "A situação de um deputado não é o que as pessoas imaginam. E, no PT, 30% do salário vai para o partido. Sou como qualquer cidadão."
João Colaço (PMDB-PE) afirmou que a Caixa cometeu um equívoco ao não retirar seu nome do cadastro do BC, uma vez que os cheques já foram todos pagos, segundo ele.
Procurados pela Folha, não foram encontrados em seus gabinetes e telefones celulares os deputados Pedro Canedo (PSDB-GO), Paulo Kobayashi (PSDB-SP), Lino Rossi (PSDB-MT), Gervásio Silva (PFL-SC), Francisco Coelho (PFL-MA), Celcita Pinheiro (PFL-MT), Paulo Rocha (PT-PA) e Aírton Roveda (PSDB-PR).
Jorge Costa (PMDB-PA) deixou de ser deputado no início do ano para assumir a Prefeitura de Capanema (PA). A Folha não conseguiu localizá-lo no município.














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