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JANIO DE FREITAS
Das pesquisas
É susto atrás de susto, os petistas e o grupo de José Serra
nem podem refletir um pouco
mais. Primeiro foi Roseana Sarney, com a subida em vertical.
Agora é Anthony Garotinho
que, com dois saltos, não só se
confirma em terceiro nas três
pesquisas mais recentes, como
faz, em todas, eloquente aproximação de Roseana.
Também um dado interessante se encontra nas três pesquisas: se existe, a influência
política da execução do prefeito
Celso Daniel não segue a "análise" do grupo de Serra e da direita, segundo a qual Luiz Inácio Lula da Silva seria o beneficiário eleitoral. Nas três pesquisas, Lula caiu.
As três pesquisas coincidem
na evidência de que o eleitorado está muito mais atento do
que parece. Mal Itamar Franco
começou a mostrar-se convencido de que não conseguiria ultrapassar a barreira dos negocistas do PMDB, também começou a distribuição dos
apoios ao seu nome nas pesquisas. Mas Itamar continua como
um dos pesos individuais mais
importantes na eleição, por ser
o ponto de convergência de três
grandes fatores eleitorais: governador no segundo maior colégio eleitoral do país, a capacidade de seccionar uma boa fatia do PMDB e simbolizar, para
certo eleitorado, o anti-Fernando Henrique Cardoso.
Chega a ser gaiato que o deputado Michel Temer, detentor
da presidência de direito, mas
não de fato, do PMDB, fazendo
a cara de sério para acusar Itamar Franco de relegar sua pré-candidatura e distanciar-se do
partido, ao admitir conversas
com o PT. O PMDB atual está
dividido entre uma cúpula de
oportunistas do negócio e uma
grande massa de manobrados.
Proeminência naquela cúpula,
o "anão do Orçamento" Geddel
Vieira Lima já foi negociar com
José Serra o apoio do PMDB,
sem autorização da Executiva
Nacional, sem ouvir os convencionais -e ele não está traindo
o PMDB. Aliás, não está mesmo: está só fazendo o negócio
que, lá, chamam de negociação.
Então, subindo ainda mais
no seu terceiro lugar, Anthony
Garotinho já começou a apanhar, como apanharam Lula e
Roseana, que "não passava de
fogo de palha do PFL para se
valorizar" com Fernando Henrique.
Entre as ofensivas imediatas,
como reação ao susto com as
pesquisas da semana, o programa de refeições servidas a cerca
de 350 mil crianças pobres durante as férias, para que interrupção de aulas não resulta em
desnutrição, está acusado pelo
deputado petista Chico Alencar
de "pura demagogia eleitoreira". Alimentar crianças cujas
carências as férias escolares, absurdamente, acentuavam
-ah, que maravilhosa demagogia. Isso enquanto o deputado petista Chico Alencar, sempre um exemplo do politicamente corretíssimo, colhe assinaturas em um manifesto para
influir no destino do filho de
Cássia Eller, sem ter a menor
idéia do que mais pode convir,
de fato, às condições psicológicas da criança.
Melhor ainda que a propaganda da refeição nas férias foi
o presente que Anthony Garotinho recebeu de Fernando Henrique Cardoso, com a entrevista, em "Época", na qual incluiu,
a propósito da criminalidade,
esta frase que retoma sua conhecida finura: "São Paulo virou esculhambação". Assim
condenado o PSDB que governa São Paulo, Anthony Garotinho recebe, de graça, uma boa
alavanca para propagandear
suas estatísticas na segurança
pública.
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