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QUAL GLOBALIZAÇÃO?
PORTO ALEGRE
Grupos antiglobalização farão ato contra o encontro econômico nos EUA e contra o evento social no Brasil
Ativistas protestarão contra os dois fóruns
ALESSANDRA KORMANN
DA AGÊNCIA FOLHA
Ativistas antiglobalização, que
fazem protestos simultâneos pelo
mundo em encontros de entidades como o FMI e o Banco Mundial, pretendem realizar uma série
de manifestações em Porto Alegre
durante o FSM (Fórum Social
Mundial), que começa amanhã.
A idéia é protestar contra o Fórum Econômico Mundial, que este ano se reúne em Nova York, e
também se contrapor ao FSM,
considerado "reformista" pelos
manifestantes anticapitalistas.
"O FSM é reformista no econômico, tradicionalista no político e
conformista no social. Essa esquerda oficial que organiza o encontro tenta capitalizar os movimentos antiglobalização que enfrentaram espetacularmente os
poderosos do mundo em Seattle,
Praga, Quebec e Gênova", diz
Moésio Rebouças, um dos pioneiros do movimento antiglobalização no país, referindo-se ao apoio
dos governos petistas do Rio
Grande do Sul e da Prefeitura de
Porto Alegre ao fórum.
Amanhã, antes da marcha oficial do FSM, programada para começar as 16h30, os ativistas pretendem fazer uma manifestação
pacífica, com direito a panelaço,
bolas de futebol e bicicletas, ao
som de um tango argentino.
"A idéia é fazer um evento criativo e pacífico. Se a polícia for sensata, não vai ocorrer nenhum problema. Por via das dúvidas, estamos levando escudos de borracha", diz Pablo Ortellado, da AGP
(Ação Global dos Povos), que organiza o protesto.
Os ativistas, que também pretendem levar capacetes e máscaras de gás para as ruas, acreditam
que uma ação repressiva muito
forte da polícia iria repercutir negativamente na mídia internacional -essa é a sua segurança.
Devem participar da manifestação ativistas de movimentos autônomos da Espanha, Itália, Argentina e, dos Estados Unidos, devem
vir integrantes do Black Bloc, grupo anarquista radical.
Cogita-se a invasão de algum
prédio abandonado para realização de debates sobre o movimento antiglobalização no mundo.
Além disso, a FAG (Federação
Anarquista Gaúcha) vai realizar,
do dia 1º ao dia 5, uma série de palestras, as Jornadas Anarquistas.
"Pretendemos mostrar um projeto alternativo de socialismo libertário, em contraposição ao socialismo autoritário do PT", diz
Luciana Souza, da FAG.
Segundo o coronel Wilson Pinto, comandante do policiamento
de Porto Alegre, os ativistas estão
sendo observados pelos órgãos de
inteligência da polícia para "não
sermos pegos de surpresa".
"Temos informações de que algumas coisas podem acontecer,
mas torço para que não haja problemas. Como é um evento internacional, temos a preocupação de
não cometer erros. A polícia não é
violenta por natureza, mas estamos preparados para reprimir
qualquer anarquia que se tentar
fazer", diz.
Crítica das ONGs
Os métodos violentos dos grupos que se intitulam anarquistas
são condenados por líderes das
principais ONGs que participam
do Fórum Social. Para Susan
George (Attac-França), organizações como o Black Bloc são antidemocráticas.
"Queremos um mundo democrático e nosso movimento é democrático. Na Itália, o encontro
foi preparado durante meses por
mais de 700 organizações, que
trabalharam muito para chegar a
um consenso. Isso foi desprezado
pelo Black Bloc, que chegou no último momento com sua agenda
individualista, desprezando os
demais", disse George.
Ela observou que a "violência
estrutural" -fome, desemprego,
miséria- ou a repressão do Estado são "muito mais graves" do
que qualquer manifestação de
rua, mas afirmou que protestos
violentos são uma "estratégia ingênua" porque permitem a infiltração de agentes policiais e desviam o foco da mídia das propostas do movimento social.
Colaborou CLAUDIA ANTUNES, da Sucursal do Rio
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