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NO GABINETE
Vice se diz "execrado" e afirma que encaminhar pedidos não é pressão
Alencar nega ter tentado favorecer um amigo no Rio
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dizendo-se "execrado" pelos
órgãos de imprensa, o presidente
interino, José Alencar, disse ontem que não sabia que seu gabinete (Vice-Presidência) havia pedido, por meio de ofício, "atenção
especial" para que o neto de um
amigo fosse favorecido em um
concurso público para médico residente no Into (Instituto de
Traumato-Ortopedia), no Rio.
Alencar disse que, a partir de
agora, vai sugerir a amigos e eleitores que participem dos concursos. Ele negou que haja "pressão"
por usar o cargo para encaminhar
pedidos de pessoas conhecidas.
"Eu e minha família estamos sofrendo. Porque o universo que foi
utilizado para divulgação disso foi
não apenas o universo de jornal
(...), mas da televisão, que abrange
um universo muito maior. Meu
gabinete apenas cumpriu a rotina
de encaminhar a carta, e eu estou
sendo execrado", disse Alencar.
As declarações foram feitas no
gabinete da Presidência, diante de
políticos que foram prestar solidariedade ao vice -o ministro
José Dirceu (Casa Civil), o deputado Valdemar Costa Neto (PL) e
o senador Tião Viana (PT).
"Ainda que eu não tenha tido
conhecimento dele [ofício], mas
foi feito pelo meu gabinete, eu sou
responsável. Mas eu não tive conhecimento disso, para você ver
como é a rotina", disse Alencar. O
caso foi revelado no domingo no
"Fantástico", da Rede Globo.
O ato de apoio realizado ontem
teve a presença de um diretor do
Into, o médico Sérgio Cortez: "Eu
não dei atenção maior ao pleito
por imaginar que o vice-presidente nem sequer conhecia o pleito
daquele documento. Forma de
pressão seria se ele tivesse sido
atendida. Em nenhum momento
eu vi isso como pressão".
Alencar disse vai colaborar com
o Ministério Público nas investigações sobre a eventual responsabilidade de seu gabinete: "Quero
uma investigação rigorosa".
Sobre o caso em que é acusado
de ter pressionado politicamente
a direção do Inca (Instituto Nacional de Câncer) para incluir
uma paciente à frente da fila de
transplante de medula óssea,
Alencar disse ter encaminhado o
caso ao Ministério da Saúde, como faria a mesma coisa à ministra
Dilma Rousseff, se fosse uma demanda de Minas e Energia.
"Um caso grave de saúde não
pode ser apenas cronológico, o
critério é médico e científico, não
tem como interferir. Agora você
encaminhar um pedido de uma
família aflita em relação a uma
pessoa não significa pressão. Eu
jamais me eximiria da responsabilidade desses dois pedidos que
me foram feitos." Segundo Alencar, o encaminhamento de pedidos não é uma "pressão", e sim
uma "rotina". "Não sei se há alguém que faça isso, pegar e rasgar
os pedidos e jogá-los no cesta do
lixo sem tomar conhecimento ou
mandar arquivar. Isso é uma desconsideração com os brasileiros."
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