São Paulo, sexta-feira, 30 de janeiro de 2004

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500 ANOS DEPOIS

Procuradores dizem ter feito acordo com líderes, que exigem da Funai a demarcação de três áreas

Índios de MS aceitam deixar na segunda fazendas invadidas

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JAPORÃ

Os índios guaranis e caiuás aceitaram ontem deixar, a partir de segunda-feira, 11 das 14 fazendas invadidas por eles em Japorã (464 km de Campo Grande), em Mato Grosso do Sul, e ficar apenas em partes de outras três. A informação é dos procuradores da República Ramiro Rockenbach da Silva e Charles Pessoa.
Eles se reuniram ontem com os índios na fazenda São Jorge, uma das que estão invadidas. Para cumprir o acordo, as lideranças indígenas pediram que a Funai (Fundação Nacional do Índio) demarque as áreas das três fazendas onde pretendem ficar.
Hoje, um grupo de lideranças deve se reunir em Tacuru (MS) com o presidente da Funai, Mércio Gomes. Eles vão cobrar a identificação da terra indígena que dizem estar localizada na área das 14 fazendas invadidas.
O delegado federal Jonas Rossatti, 43, disse ontem à Agência Folha que pediu reforço à Superintendência da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul e à Polícia Militar para evitar novo confronto entre índios e fazendeiros em Japorã.
"Na próxima semana, os produtores rurais vão voltar, pacificamente, sem armas, às fazendas invadidas", disse o pecuarista Pedro Fernandes Neto, 50, dono de uma das áreas em poder dos índios.
Rossatti disse que não impedirá a ação dos fazendeiros, mas acha que eles vão acabar "subjugados [dominados] pelos índios". A polícia só atuaria em caso de confronto. No dia 21, cerca de 300 fazendeiros, trabalhadores rurais e até comerciantes entraram em confronto com 250 índios na ponte que dá acesso às fazendas. Um produtor rural e dois índios ficaram feridos.
Desde de quarta-feira, cinco agentes federais e pelo menos sete policiais militares fazem patrulha na área de conflito, que está situada na fronteira com o Paraguai.
O delegado não divulgou o número de policiais que devem chegar no final de semana para reforçar as equipes.
"A situação hoje, na minha avaliação, está calma, mas quanto mais atuarmos na prevenção será melhor", disse.
Os produtores rurais afirmam que os índios estão destruindo as sedes das fazendas. A polícia disse ainda não ter comprovação.
O TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, em São Paulo, determinou que seja realizada uma negociação entre índios e fazendeiros, suspendendo a desocupação das áreas por 600 policiais militares e federais.
Geones Miguel Ledesma, advogado dos fazendeiros, disse que os produtores rurais entraram com recurso contra a decisão do TRF, pois querem a imediata reintegração de posse das áreas.
Os procuradores vão levar a nova proposta dos índios para os produtores rurais.


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