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Texto do Conare é contraditório, diz ministro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Justiça, Tarso
Genro, disse ontem que a decisão do Conare que negou o pedido de refúgio a Cesare Battisti, em novembro, tem "contradições" e deixa dúvidas sobre a
concessão do status ao italiano.
Ele disse ainda que é "perfeitamente natural" a radical mudança dos argumentos do comitê para sua decisão: "Trata-se de interpretação de fatos e
conexão deles com a lei. Isso
ocorre todos os dias no Poder
Judiciário", disse por telefone
de Belém, onde participa do
Fórum Social Mundial. "Toda
reforma de sentença é radical."
Ele se disse descontente com
a decisão do Conare, ligado ao
Ministério da Justiça e presidido pelo secretário-executivo de
sua pasta, Luiz Paulo Barreto.
"Os fundamentos do Conare
não estão devidamente conectados com a lei. Foi essa a conclusão a que cheguei." A principal diferença entre uma decisão e outra é sobre o "nexo causal" entre o pedido de refúgio e
a perseguição alegada por Battisti, que ele julgou existir, mas
que teria sido desconsiderada
pelo comitê. "Quando existe
dúvida, o Conare deveria decidir em sentido contrário, porque a dúvida beneficia a pessoa
que está em busca do refúgio."
Ele também falou sobre o futuro do caso Battisti, agora sob
responsabilidade do Supremo
Tribunal Federal, no qual tramita processo de extradição
solicitado pela Itália. Tarso entende que, se a Corte aplicar os
mesmos critérios adotados em
outros pedidos semelhantes,
sua decisão será mantida.
"Se o STF disser que a decisão administrativa não interrompe o processo de extradição, a consequência é que o refúgio não será mais uma prerrogativa do Executivo, passará
a ser do Judiciário". O ministro
defende a atual lei, que considera correta: "Decidindo isso,
todos os refúgios podem ser
decididos pelo STF. Será uma
inovação em relação a toda a
tradição jurídica do país".
A Constituição dá ao presidente da República o poder de
autorizar ou não a extradição
de estrangeiros, independentemente da decisão do Supremo.
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