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Delcídio articula amenização do texto
FERNANDA KRAKOVICS
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Minutos antes do início da sessão de leitura do relatório final da
CPI dos Correios, o presidente da
comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS), combinou com parlamentares do PT uma estratégia
para amenizar o documento
apresentado pelo relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).
A reunião ocorreu em uma sala
anexa ao gabinete do senador Jorge Bornhausen (PFL-SC), que fica
abaixo do plenário da CPI. No início estavam os deputados petistas
Maurício Rands (PE) e José
Eduardo Cardozo (SP), depois
chegaram Jorge Bittar (RJ) e a senadora Ideli Salvatti (SC). O deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) participou dos momentos finais do encontro.
Até agora, o presidente da CPI,
que é pré-candidato ao governo
de Mato Grosso do Sul, vinha
adotando uma posição de imparcialidade. A correlação de forças
na comissão é apertada, e a votação do relatório final será decidida por um ou dois votos. Delcídio
só vota em caso de desempate,
mas é ele quem define os procedimentos de votação.
O primeiro passo seria tentar
convencer Serraglio a modificar
pontos do texto antes da votação,
na próxima semana, sob ameaça
de a base aliada derrubar o relatório apresentado ontem e aprovar
um alternativo. Outra possibilidade é impedir a votação de um documento conclusivo.
Os governistas também tentarão uma saída negociada com a
oposição, utilizando os mesmo
argumentos. "Eles [PFL e PSDB]
querem fazer o achincalhe", afirmou Delcídio na reunião fechada,
à qual a Folha teve acesso.
O presidente da CPI fez essa
afirmação ao relatar uma conversa com o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA).
"Eu disse ao ACM Neto que todas
as vezes em que radicalizaram
eles se ferraram."
Foi marcada uma reunião para
a noite de ontem entre Cardozo,
Rands, ACM Neto e o deputado
Eduardo Paes (PSDB-RJ) para
discutir os pontos que a base aliada quer alterar ou suprimir.
A oposição não está disposta a
ceder por avaliar que o desgaste
do governo será inevitável se tentar alterar o texto ou mesmo inviabilizar a votação de um documento conclusivo.
Os petistas e seus aliados, por
sua vez, vão tentar jogar a responsabilidade pela eventual inviabilização da CPI para a oposição,
afirmando que eles radicalizaram
e foram intransigentes.
"A idéia é a seguinte: nós temos
divergências tópicas com o "mensalão" e os indiciamentos. Depois
de terça-feira nós sentamos e trabalhamos em cima de um esqueleto", afirmou Delcídio a seus colegas de partido.
Nessa reunião, Delcídio ensaiou
até o que diria dizer ao abrir a sessão da comissão. Ele contou aos
parlamentares petistas que afirmaria que "nenhum parlamentar
viu esse relatório" até ele ser lido
por Serraglio e que sua discussão
só seria feita a partir da próxima
terça-feira.
Delcídio também disse a seus
colegas de partido que, em seu
discurso, afirmaria que "a CPI
tem que dar uma resposta à sociedade" e que "se derrubarmos esse
relatório ninguém ganha".
Ao abrir a sessão, o presidente
da CPI seguiu o roteiro. "Todos os
parlamentares da CPI estão tomando conhecimento do relatório agora", afirmou ele em seu
discurso. "Se não sairmos com
um relatório quem perde é o
país", acrescentou.
Em seu discurso, Delcídio deixou claro que o documento lido
ontem não será o aprovado pela
CPI da forma como está. "Esse relatório vai passar por análise. É
evidente que esse texto pode sofrer modificações que o próprio
regimento determina", disse ele.
"Hoje [ontem] é o relatório do
Osmar Serraglio, mas ao longo
dos dias será discutido à exaustão", afirmou o petista.
Leia a íntegra do relatório na
http://www.folha.com.br/060883
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