São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 2006

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PF tenta ouvir ex-ministro da Fazenda amanhã

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O delegado de Polícia Federal Rodrigo Carneiro Gomes disse ontem que o depoimento do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci é "decisivo" para chegar ao responsável, ou aos responsáveis, pela ordem que provocou a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Por isso, quer ouvir Palocci amanhã.
A estratégia de Gomes era esperar que a Justiça apreciasse os pedidos de quebra de sigilo bancário, fiscal e telemático que ele apresentou em juízo ao longo da última semana. Antes de ouvir Palocci, o delegado pretendia ter em mãos, por exemplo, o resultado da perícia do computador portátil por meio do qual os dados bancários do caseiro foram acessados dentro da sede da Caixa Econômica Federal em Brasília, no último dia 16.
Apesar do aval da Caixa para a perícia, a PF pediu formalmente autorização judicial para analisar as informações contidas no computador e numa cópia de reserva da memória do aparelho feita pelo servidor da Caixa Jheter Ribeiro, responsável pelo acesso ao sigilo do caseiro. O pedido judicial foi uma medida do delegado para evitar que a análise das informações fosse considerada ilegal no futuro. Mas, diante da demora da Justiça em apreciar os pedidos apresentados, Gomes decidiu ouvir Palocci mesmo sem o laudo pericial.
A Folha apurou que a PF foi intimar o ministro para depor ontem às 7h30, mas o ex-ministro estava fazendo exames médicos na sua casa e por isso não foi prestar depoimento.
A PF também busca esclarecer os procedimentos de rotina que a Caixa Econômica Federal adota para analisar o perfil das operações de seus clientes e enviá-las, se julgar necessário, ao Coaf. A avaliação do Coaf sobre a movimentação financeira do caseiro ocorreu em tempo recorde. O conselho recebeu as informações da Caixa na sexta-feira, dia 17 de março. Na segunda, encaminhou à PF um informe no qual as considerou "atípicas", uma espécie de senha que obriga a autoridade policial a investigar o caso.
A PF pretende esclarecer esses pontos com Jorge Mattoso, ex-presidente da Caixa, responsável pela violação do sigilo de Francenildo. Ainda não há data definida para um novo depoimento de Mattoso. Para a PF, ao ser ouvido pela primeira vez, na segunda, Mattoso deixou lacunas em sua versão dos fatos principalmente no que diz respeito ao porquê de ter buscado os dados do caseiro e o motivo que o levou a entregar essas informações a Palocci.
Servidores da Caixa ouvidos ontem pela PF dizem ter escutado de Mattoso durante a tarde sexta retrasada que o extrato de Francenildo já estaria em posse de jornalistas.
Mattoso foi indiciado pela polícia federal pelos crimes de violação de sigilo funcional e quebra de sigilo bancário, com penas previstas de até seis anos.


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