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PF tenta ouvir
ex-ministro da
Fazenda amanhã
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O delegado de Polícia Federal
Rodrigo Carneiro Gomes disse
ontem que o depoimento do
ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci é "decisivo" para
chegar ao responsável, ou aos
responsáveis, pela ordem que
provocou a violação do sigilo
bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Por isso,
quer ouvir Palocci amanhã.
A estratégia de Gomes era esperar que a Justiça apreciasse
os pedidos de quebra de sigilo
bancário, fiscal e telemático
que ele apresentou em juízo ao
longo da última semana. Antes
de ouvir Palocci, o delegado
pretendia ter em mãos, por
exemplo, o resultado da perícia
do computador portátil por
meio do qual os dados bancários do caseiro foram acessados
dentro da sede da Caixa Econômica Federal em Brasília, no último dia 16.
Apesar do aval da Caixa para
a perícia, a PF pediu formalmente autorização judicial para analisar as informações contidas no computador e numa
cópia de reserva da memória
do aparelho feita pelo servidor
da Caixa Jheter Ribeiro, responsável pelo acesso ao sigilo
do caseiro. O pedido judicial foi
uma medida do delegado para
evitar que a análise das informações fosse considerada ilegal no futuro. Mas, diante da
demora da Justiça em apreciar
os pedidos apresentados, Gomes decidiu ouvir Palocci mesmo sem o laudo pericial.
A Folha apurou que a PF foi
intimar o ministro para depor
ontem às 7h30, mas o ex-ministro estava fazendo exames
médicos na sua casa e por isso
não foi prestar depoimento.
A PF também busca esclarecer os procedimentos de rotina
que a Caixa Econômica Federal
adota para analisar o perfil das
operações de seus clientes e enviá-las, se julgar necessário, ao
Coaf. A avaliação do Coaf sobre
a movimentação financeira do
caseiro ocorreu em tempo recorde. O conselho recebeu as
informações da Caixa na sexta-feira, dia 17 de março. Na segunda, encaminhou à PF um
informe no qual as considerou
"atípicas", uma espécie de senha que obriga a autoridade
policial a investigar o caso.
A PF pretende esclarecer esses pontos com Jorge Mattoso,
ex-presidente da Caixa, responsável pela violação do sigilo
de Francenildo. Ainda não há
data definida para um novo depoimento de Mattoso. Para a
PF, ao ser ouvido pela primeira
vez, na segunda, Mattoso deixou lacunas em sua versão dos
fatos principalmente no que
diz respeito ao porquê de ter
buscado os dados do caseiro e o
motivo que o levou a entregar
essas informações a Palocci.
Servidores da Caixa ouvidos
ontem pela PF dizem ter escutado de Mattoso durante a tarde sexta retrasada que o extrato
de Francenildo já estaria em
posse de jornalistas.
Mattoso foi indiciado pela
polícia federal pelos crimes de
violação de sigilo funcional e
quebra de sigilo bancário, com
penas previstas de até seis anos.
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