São Paulo, sexta-feira, 30 de março de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

No embalo

Com a vitória de ontem no STF, que ressuscitou a CPI do Apagão Aéreo, a oposição defende que a investigação não se restrinja ao caos nos aeroportos, englobando os contratos da Infraero. "O governo preferiu nos tratorar na Câmara. Perdeu as condições de diálogo", diz o tucano Gustavo Fruet (PR).
Amparados na decisão, os oposicionistas tentarão constranger o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), com novas mobilizações nos aeroportos para que ele instale imediatamente a comissão. Enquanto isso, passarão um pente-fino nas bases de dados das CPIs dos Correios, dos Bingos e dos Sanguessugas em busca de "linhas de apuração" na Infraero.

Atípico. Causou surpresa no meio diplomático americano a ausência de Marisa na visita que Lula fará aos EUA. Além de pernoitar sozinho hoje na casa de hóspedes da Presidência em Washington, a Blair House, ele será recebido sozinho amanhã por George e Laura Bush no retiro de Camp David, em Maryland.

Para os íntimos. Lula só pronunciou corretamente o nome de Franklin Martins na primeira vez em que o mencionou na solenidade de posse. No restante do tempo, referiu-se ao novo ministro da Comunicação como "Frank".

Pelas paredes 1. O protesto público da CUT contra a mudança de Luiz Marinho do Trabalho para a Previdência foi contido. Em privado, o ministro está soltando fumaça.

Pelas paredes 2. Além de o Trabalho ser mais adequado a quem quer fazer bondades de olho em 2008 (Marinho é pré-candidato em São Bernardo), há o fato de que na Previdência ele estará engessado pelo time montado à época de Ricardo Berzoini, até hoje atuante na pasta.

Mais encrenca. O ministro Marco Aurélio Mello disse a políticos que o procuraram em busca de esclarecimentos sobre a decisão do TSE pró-fidelidade partidária que, em seu entender, o parlamentar deve perder o mandato mesmo se tiver ido para outro partido da mesma coligação.

Caminhos. O recém-batizado Democratas, ex-PFL, praticamente desistiu de pedir à Mesa da Câmara a vacância dos mandatos dos deputados que mudaram de legenda. A tendência é solicitar ao TSE uma orientação geral sobre como os TREs e os Legislativos devem proceder para aplicar a interpretação da lei.

BBB do PMDB. Para desanuviar o clima no jantar da "concórdia" peemedebista, Michel Temer propôs a Renan Calheiros um brinde pela "união" do partido. A cena remeteu ao bordão irônico de Alemão e Caubói, inimigos no "Big Brother Brasil": "Um brinde à harmonia da casa".

Pelo esforço. A indicação de Maguito Vilela para a presidência da Conab, ligada ao Ministério da Agricultura, tem o endosso da bancada do Centro-Oeste do PMDB, segundo a qual o ex-senador goiano merece compensação por ter feito a campanha de Lula num Estado onde Geraldo Alckmin chegou a liderar.

Pano rápido. Sincero ou não, o fato é que Geraldo Alckmin pediu a aliados paulistas que não mencionassem a disputa pela prefeitura da capital no jantar em sua homenagem quarta em Brasília. Coube ao gaúcho Julio Redecker atravessar o script: "O PSDB de São Paulo terá o prefeito, sim, se o nosso governador aceitar". Constrangimento geral.

Onde pega. Tem nome e sobrenome o novo ponto de atrito entre o governo Serra e as universidades públicas paulistas: Eduardo Chaves, número dois de José Aristodemo Pinotti na Secretaria de Ensino Superior. O conselho da Unicamp já aprovou até moção contra Chaves, considerado adversário dos interesses dessas instituições.

Tiroteio

"Diante da total incapacidade do Congresso de realizar a reforma política, os tribunais superiores vão legislar cada vez mais".
Do senador MARCONI PERILLO (PSDB-GO) sobre a decisão do TSE de punir com a perda do mandato deputados que foram eleitos por um partido e migraram para outro.

Contraponto

Bolsa de gelo

Na comemoração dos 27 anos do PT, realizada no início de fevereiro em Salvador, Lula pegou pesado com seus correligionários, exortando-os a moderar as disputas internas e o tiroteio contra os aliados. Encerrado o discurso, o clima festivo voltou a reinar no salão do hotel Othon.
Na manhã seguinte, os jornalistas perguntaram à líder da bancada petista no Senado, Ideli Salvatti (SC), se ela achava que o presidente havia exagerado.
-Ah, o presidente eu não sei, mas no PT, quase todo mundo exagerou um pouco ontem...-, respondeu ela.
Só aí Ideli percebeu que o assunto era a bronca de Lula.


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