|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Rede de TV pública não será "chapa-branca", afirma Lula
Presidente diz que projeto visa a "informação tal como ela é, sem pintar de cor-de-rosa"
Petista conclui reforma do segundo mandato ao dar posse a cinco ministros; a Secretaria de Portos
será de Pedro Brito (PSB)
Sérgio Lima/Folha Imagem
|
O presidente Lula, entre o vice José Alencar (dir.) e o presidente do Senado, Renan Calheiros |
EDUARDO SCOLESE
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao encerrar ontem a primeira reforma ministerial após a
reeleição, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva afirmou
que uma das plataformas de
seu segundo mandato será a
criação de uma rede pública de
rádio e televisão. A idéia, segundo o petista, é que essa TV
nacional adote um modelo de
jornalismo imparcial. "A informação tal como ela é, sem pintar de cor-de-rosa, mas também sem pichá-la", disse.
Lula, que passou seu primeiro mandato alternando fortes
críticas e alguns elogios à imprensa, disse que a idéia é criar
uma "coisa séria", distante, segundo ele, do chamado jornalismo "chapa-branca". Ou seja,
daquele modelo estatal apenas
de noticiário pró-governo.
"Eu sonho grande. Sonho
com uma coisa quase 24 horas
por dia. Não sei se a gente vai
conseguir construir. E que não
seja uma coisa chapa-branca,
porque a chapa-branca parece
bom, mas enche o saco. Gente
puxando o saco não dá certo",
disse, no Planalto, na cerimônia de posse de ministros.
Lula deu posse ontem a Alfredo Nascimento (Transportes), Miguel Jorge (Desenvolvimento), Franklin Martins (Comunicação Social), Luiz Marinho (Previdência) e Carlos Lupi (Trabalho). Marinho trocou
o Trabalho pela Previdência
mesmo com a pressão feita um
dia antes por centrais sindicais,
lideradas pela CUT, para que
permanecesse no cargo.
Num discurso de improviso,
recheado de piadas e exaltações
históricas a seu governo, a citação à idéia de uma rede pública
de TV ocorreu no momento em
que colocou a "tarefa gigantesca" que Franklin Martins terá
na nova Secretaria de Comunicação Social, da qual a Radiobrás (rede estatal de comunicação) será subordinada.
"Temos que fazer uma coisa
séria, não é uma coisa para falar
bem do governo ou para falar
mal do governo, é uma coisa para informar. A informação tal
como ela é, sem pintar de cor-de-rosa, mas também sem pichá-la", disse, citando a TV Cultura, do governo paulista, como
exemplo de boa programação.
Ainda sobre o tema, Lula disse que o objetivo é criar uma
opção diante das redes privadas, oferecendo oportunidade
de assistir a programas educativos em diferentes horários. "Se
vai ter meio ponto de audiência
ou zero, não me interessa."
Para Franklin, a britânica
BBC e a francesa TV5 podem
servir de exemplos. "Ela [rede
pública] pode fazer programações e pode entrar em áreas que
outras TVs abertas muitas vezes não podem entrar porque
trabalham em uma escala de
concorrência muito grande."
Fim da reforma
Ontem, cinco meses depois
da reeleição, Lula concluiu a
primeira reforma ministerial
deste mandato. O presidente
mexeu em 11 pastas e ampliou
de 34 para 36 os cargos com status de ministro, incluindo as
secretarias de Comunicação
Social e de Portos, que ficará
com Pedro Brito (PSB).
Na segunda-feira, no Planalto, Lula reunirá todo o primeiro
escalão do governo. Entre eles,
estarão os petistas Waldir Pires
(Defesa) e Guilherme Cassel
(Desenvolvimento Agrário).
No caso do primeiro, Lula deseja substituí-lo mais para
frente, a qualquer sinal de esfriamento da crise aérea. O presidente não quer carimbá-lo
como o ministro responsável
pelo apagão no aeroportos.
Já o segundo foi confirmado
ontem pela manhã. Cassel permanece pela falta de opção do
presidente, que não conseguiu
convencer Miguel Rossetto
(PT-RS) a retornar ao Desenvolvimento Agrário.
O novo mapa político da Esplanada mostra o PT com o
mesmo número de pastas (16),
seguido por PMDB (5) e PSB
(2). PC do B, PDT, PP, PR, PTB
e PV têm um ministro cada um.
Outros sete titulares não têm
filiação partidária.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Paixão de Cristo: Lula enfrenta chuva e Severino em Pernambuco Índice
|