São Paulo, sexta-feira, 30 de março de 2007

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Rede de TV pública não será "chapa-branca", afirma Lula

Presidente diz que projeto visa a "informação tal como ela é, sem pintar de cor-de-rosa"

Petista conclui reforma do segundo mandato ao dar posse a cinco ministros; a Secretaria de Portos será de Pedro Brito (PSB)


Sérgio Lima/Folha Imagem
O presidente Lula, entre o vice José Alencar (dir.) e o presidente do Senado, Renan Calheiros


EDUARDO SCOLESE
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao encerrar ontem a primeira reforma ministerial após a reeleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que uma das plataformas de seu segundo mandato será a criação de uma rede pública de rádio e televisão. A idéia, segundo o petista, é que essa TV nacional adote um modelo de jornalismo imparcial. "A informação tal como ela é, sem pintar de cor-de-rosa, mas também sem pichá-la", disse.
Lula, que passou seu primeiro mandato alternando fortes críticas e alguns elogios à imprensa, disse que a idéia é criar uma "coisa séria", distante, segundo ele, do chamado jornalismo "chapa-branca". Ou seja, daquele modelo estatal apenas de noticiário pró-governo.
"Eu sonho grande. Sonho com uma coisa quase 24 horas por dia. Não sei se a gente vai conseguir construir. E que não seja uma coisa chapa-branca, porque a chapa-branca parece bom, mas enche o saco. Gente puxando o saco não dá certo", disse, no Planalto, na cerimônia de posse de ministros.
Lula deu posse ontem a Alfredo Nascimento (Transportes), Miguel Jorge (Desenvolvimento), Franklin Martins (Comunicação Social), Luiz Marinho (Previdência) e Carlos Lupi (Trabalho). Marinho trocou o Trabalho pela Previdência mesmo com a pressão feita um dia antes por centrais sindicais, lideradas pela CUT, para que permanecesse no cargo.
Num discurso de improviso, recheado de piadas e exaltações históricas a seu governo, a citação à idéia de uma rede pública de TV ocorreu no momento em que colocou a "tarefa gigantesca" que Franklin Martins terá na nova Secretaria de Comunicação Social, da qual a Radiobrás (rede estatal de comunicação) será subordinada.
"Temos que fazer uma coisa séria, não é uma coisa para falar bem do governo ou para falar mal do governo, é uma coisa para informar. A informação tal como ela é, sem pintar de cor-de-rosa, mas também sem pichá-la", disse, citando a TV Cultura, do governo paulista, como exemplo de boa programação.
Ainda sobre o tema, Lula disse que o objetivo é criar uma opção diante das redes privadas, oferecendo oportunidade de assistir a programas educativos em diferentes horários. "Se vai ter meio ponto de audiência ou zero, não me interessa."
Para Franklin, a britânica BBC e a francesa TV5 podem servir de exemplos. "Ela [rede pública] pode fazer programações e pode entrar em áreas que outras TVs abertas muitas vezes não podem entrar porque trabalham em uma escala de concorrência muito grande."

Fim da reforma
Ontem, cinco meses depois da reeleição, Lula concluiu a primeira reforma ministerial deste mandato. O presidente mexeu em 11 pastas e ampliou de 34 para 36 os cargos com status de ministro, incluindo as secretarias de Comunicação Social e de Portos, que ficará com Pedro Brito (PSB).
Na segunda-feira, no Planalto, Lula reunirá todo o primeiro escalão do governo. Entre eles, estarão os petistas Waldir Pires (Defesa) e Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário).
No caso do primeiro, Lula deseja substituí-lo mais para frente, a qualquer sinal de esfriamento da crise aérea. O presidente não quer carimbá-lo como o ministro responsável pelo apagão no aeroportos.
Já o segundo foi confirmado ontem pela manhã. Cassel permanece pela falta de opção do presidente, que não conseguiu convencer Miguel Rossetto (PT-RS) a retornar ao Desenvolvimento Agrário.
O novo mapa político da Esplanada mostra o PT com o mesmo número de pastas (16), seguido por PMDB (5) e PSB (2). PC do B, PDT, PP, PR, PTB e PV têm um ministro cada um. Outros sete titulares não têm filiação partidária.


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