São Paulo, sexta-feira, 30 de março de 2007

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Jorge assume e já pensa em mudar BNDES

Novo titular do Desenvolvimento afirma que banco é subordinado ao ministério e que não descarta mexer na presidência

Ao assumir o cargo, ministro adianta que pasta terá como prioridade políticas para o mercado interno e prevê novas desonerações


LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, assumiu o cargo ontem dando mostras de força política. Ele anunciou que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) voltará a ser subordinado ao ministério e que ele poderá até nomear o presidente da entidade.
O ministro também disse que o Desenvolvimento terá como prioridade políticas para o mercado interno. Segundo Jorge, o presidente Lula determinou que sejam feitas novas desonerações tributárias.
"Não estou revelando nenhum segredo. Vocês [a imprensa] mesmo acompanharam muito isso. Havia um estresse, para dizer o mínimo, entre o Ministério do Desenvolvimento e o presidente do BNDES [Carlos Lessa]. Acho que agora as coisas estão num outro pé. Em absoluta normalidade e, na normalidade, o BNDES é ligado ao Ministério do Desenvolvimento", disse.
Nos quatro anos em que esteve à frente da pasta, Luiz Fernando Furlan não conseguiu nomear o presidente do órgão. Miguel Jorge não confirmou a permanência do atual presidente do BNDES, Demian Fiocca. Segundo ele, ainda não houve tempo para pensar em nomes, mas, questionado se poderia fazer mudanças na diretoria, respondeu que "sim".
Fiocca esteve na cerimônia de posse do ministro, mas não comentou o assunto. Se sua saída for confirmada, ele deve ser remanejado para alguma secretaria do Ministério da Fazenda.

Mercado interno
As novas isenções de impostos que serão estudadas pelo governo deverão beneficiar principalmente os setores mais atingidos pela valorização cambial como têxteis, confecções, calçados e móveis. A idéia é que a redução de tributos aumente a competitividade desses setores em relação aos importados e que a produção seja absorvida pela economia doméstica.
O novo ministro foi cuidadoso ao falar sobre política cambial. Defendeu o câmbio flutuante e disse que os empresários têm se adaptado "de maneira impressionante" ao novo valor da moeda americana.
A posse de Miguel Jorge não foi prestigiada por pesos pesados da indústria nacional. Marcaram presença empresários do setor automobilístico, onde o ministro trabalhou por 14 anos, e representantes de entidades de classe como CNI (Confederação Nacional da Indústria), Abdib (Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base) e Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
O ex-ministro Furlan, que deixou o cargo, emocionou-se e chegou a chorar na cerimônia de posse no Palácio do Planalto.


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