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Jorge assume e já pensa em mudar BNDES
Novo titular do Desenvolvimento afirma que banco é subordinado ao ministério e que não descarta mexer na presidência
Ao assumir o cargo, ministro adianta que pasta terá
como prioridade políticas para o mercado interno e prevê novas desonerações
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, Miguel Jorge, assumiu o cargo ontem dando mostras de força política. Ele anunciou que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) voltará a
ser subordinado ao ministério
e que ele poderá até nomear o
presidente da entidade.
O ministro também disse que
o Desenvolvimento terá como
prioridade políticas para o
mercado interno. Segundo Jorge, o presidente Lula determinou que sejam feitas novas desonerações tributárias.
"Não estou revelando nenhum segredo. Vocês [a imprensa] mesmo acompanharam muito isso. Havia um estresse, para dizer o mínimo, entre o Ministério do Desenvolvimento e o presidente do
BNDES [Carlos Lessa]. Acho
que agora as coisas estão num
outro pé. Em absoluta normalidade e, na normalidade, o
BNDES é ligado ao Ministério
do Desenvolvimento", disse.
Nos quatro anos em que esteve à frente da pasta, Luiz Fernando Furlan não conseguiu
nomear o presidente do órgão.
Miguel Jorge não confirmou a
permanência do atual presidente do BNDES, Demian
Fiocca. Segundo ele, ainda não
houve tempo para pensar em
nomes, mas, questionado se
poderia fazer mudanças na diretoria, respondeu que "sim".
Fiocca esteve na cerimônia
de posse do ministro, mas não
comentou o assunto. Se sua saída for confirmada, ele deve ser
remanejado para alguma secretaria do Ministério da Fazenda.
Mercado interno
As novas isenções de impostos que serão estudadas pelo
governo deverão beneficiar
principalmente os setores mais
atingidos pela valorização cambial como têxteis, confecções,
calçados e móveis. A idéia é que
a redução de tributos aumente
a competitividade desses setores em relação aos importados
e que a produção seja absorvida
pela economia doméstica.
O novo ministro foi cuidadoso ao falar sobre política cambial. Defendeu o câmbio flutuante e disse que os empresários têm se adaptado "de maneira impressionante" ao novo
valor da moeda americana.
A posse de Miguel Jorge não
foi prestigiada por pesos pesados da indústria nacional. Marcaram presença empresários
do setor automobilístico, onde
o ministro trabalhou por 14
anos, e representantes de entidades de classe como CNI
(Confederação Nacional da Indústria), Abdib (Associação
Brasileira da Infra-estrutura e
Indústrias de Base) e Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
O ex-ministro Furlan, que
deixou o cargo, emocionou-se e
chegou a chorar na cerimônia
de posse no Palácio do Planalto.
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