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Em reforma, Lula volta a politizar o ministério
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A quase conclusão da reforma ministerial mostra
que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva voltou a politizar o conjunto de seus assessores diretos. Só sete (19%)
dos 36 assessores com status
de ministro do segundo
mandato do petista não são
filiados a algum partido político. No final do ano passado,
23% dos ministros não tinham filiação partidária.
Ao todo, nove legendas estão representadas na Esplanada dos Ministérios contra
sete em dezembro passado.
Também deve se considerar
que o vice-presidente, José
Alencar, é filiado ao PRB
-assim, sobe para dez o número de siglas com cargos no
alto escalão do poder federal.
Ao mesmo tempo, o presidente passou agora a ter o
apoio formal de 15 agremiações partidárias dentro da
Câmara. A bancada total desse ajuntamento político confere a Lula um apoio nominal
recorde de 376 deputados
-73,3% do total.
Durante o primeiro mandato, segundo dados do cientista político Octavio Amorim Neto, da FGV, Lula teve
seu apoio nominal dentro da
Câmara variando de 49% a
69% dos deputados.
Amorim Neto também é
autor de uma extensa pesquisa sobre as filiações partidárias de ministros desde o
retorno dos civis ao Planalto,
com José Sarney, em 1985.
Fernando Collor de Mello
(1990-1992) e Itamar Franco
(1992-1994) foram os presidentes com menos ministros
filiados a partidos políticos.
Nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002), voltou a politização. O tucano começou
com apenas cerca de 30% de
ministros não filiados a partidos. Oito anos depois, chegou a 63% -um fenômeno
comum em final de mandato,
pois muitos assessores saem
do cargo para disputar eleições e nos seus lugares são
nomeados técnicos.
PT e PMDB no topo
Mesmo com o número de
partidos sendo grande na Esplanada, o ministério de Lula
privilegia fortemente duas
agremiações: PT e PMDB. As
legendas, âncoras de Lula para o segundo mandato, têm
21 de seus quadros nomeados. O número aumenta se
considerar ministros sem
partido, mas que são muito
próximos das siglas.
Os 73,3% de apoio que Lula tem na Câmara só são superados em dois períodos: no
início do governo Sarney, em
1985/86, que teve apoio de
93,5% dos deputados e na virada do primeiro para o segundo mandado de FHC, em
1998/ 99, que teve apoio de
76,6% dos deputados.
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