São Paulo, sexta-feira, 30 de março de 2007

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Em reforma, Lula volta a politizar o ministério

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A quase conclusão da reforma ministerial mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a politizar o conjunto de seus assessores diretos. Só sete (19%) dos 36 assessores com status de ministro do segundo mandato do petista não são filiados a algum partido político. No final do ano passado, 23% dos ministros não tinham filiação partidária.
Ao todo, nove legendas estão representadas na Esplanada dos Ministérios contra sete em dezembro passado. Também deve se considerar que o vice-presidente, José Alencar, é filiado ao PRB -assim, sobe para dez o número de siglas com cargos no alto escalão do poder federal.
Ao mesmo tempo, o presidente passou agora a ter o apoio formal de 15 agremiações partidárias dentro da Câmara. A bancada total desse ajuntamento político confere a Lula um apoio nominal recorde de 376 deputados -73,3% do total.
Durante o primeiro mandato, segundo dados do cientista político Octavio Amorim Neto, da FGV, Lula teve seu apoio nominal dentro da Câmara variando de 49% a 69% dos deputados.
Amorim Neto também é autor de uma extensa pesquisa sobre as filiações partidárias de ministros desde o retorno dos civis ao Planalto, com José Sarney, em 1985. Fernando Collor de Mello (1990-1992) e Itamar Franco (1992-1994) foram os presidentes com menos ministros filiados a partidos políticos.
Nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), voltou a politização. O tucano começou com apenas cerca de 30% de ministros não filiados a partidos. Oito anos depois, chegou a 63% -um fenômeno comum em final de mandato, pois muitos assessores saem do cargo para disputar eleições e nos seus lugares são nomeados técnicos.

PT e PMDB no topo
Mesmo com o número de partidos sendo grande na Esplanada, o ministério de Lula privilegia fortemente duas agremiações: PT e PMDB. As legendas, âncoras de Lula para o segundo mandato, têm 21 de seus quadros nomeados. O número aumenta se considerar ministros sem partido, mas que são muito próximos das siglas.
Os 73,3% de apoio que Lula tem na Câmara só são superados em dois períodos: no início do governo Sarney, em 1985/86, que teve apoio de 93,5% dos deputados e na virada do primeiro para o segundo mandado de FHC, em 1998/ 99, que teve apoio de 76,6% dos deputados.


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