São Paulo, domingo, 30 de março de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Vai encarar?

Na quinta-feira, enquanto partidários de Geraldo Alckmin promoviam um evento em defesa de sua candidatura municipal, um grupo de tucanos pró-Gilberto Kassab (DEM) se reunia para discutir uma manobra radical: apresentar o nome do secretário de Esportes, Walter Feldman, como postulante à vaga que o ex-governador considera já ser dele.
Deputado federal mais votado na capital em 2006, Feldman milita na periferia da Grande SP há 20 anos. Seria o único em condições de bater chapa com Alckmin -e, se bem-sucedido, integrar a aliança na condição de vice na chapa do atual prefeito. Entre os kassabistas, porém, há quem argumente que esse caminho traria, além do risco de derrota, o reconhecimento público da tese da candidatura própria do PSDB.




Procura-se. No momento, todo o empenho do Palácio do Planalto está voltado para identificar um "funcionário de carreira", supostamente ligado ao tucanato, que teria se apoderado da "base de dados" sobre despesas com cartões corporativos e contas tipo B e jogado nas mãos de parlamentares da oposição. Tudo "para simular a existência" de um dossiê contra FHC.

Estado bruto. A explicação dos governistas para o linguajar informal ("dona Ruth", "uiscão") e a falta de seqüência cronológica nos dados lançados nas planilhas de gastos do período FHC é que se tratava de material de rascunho, que ainda seria digitado para compor a "base de dados" sobre suprimento de fundos.

Como assim? A ameaça oposicionista de esvaziar a CPI mista dos Cartões Corporativos para criar outra que funcione apenas no Senado, onde a minoria tem mais voz, é vista com ceticismo pelo governo. "Quero ver como vão explicar o fato de abandonarem uma CPI que quiseram tanto criar e da qual a base aliada lhes cedeu a presidência", desafia um ministro.

Repelente natural. Lula anda em tão boa fase, brincam assessores a propósito da mais recente pesquisa Ibope, que nem a dengue o ameaça. Tanto que, depois de uma série de visitas recentes ao Rio de Janeiro, o presidente estará na cidade de novo amanhã, sem medo do mosquito.

Lá e cá. A exemplo da capital paulista, a oposição ao PT está dividida em São Bernardo do Campo. A chapa de Maurício Dias (PSB) com Orlando Morando (PSDB) na vice, apoiada pelo prefeito William Dib (PSB), foi para o espaço nos últimos dias. O tucano já reuniu o partido e, no melhor estilo Alckmin, lançou sua candidatura. Só que lá quem lidera a disputa é Dias.

Vamos juntos. Luiz Marinho (Previdência), pré-candidato do PT à sucessão de Dib, prolongou sua permanência na Esplanada. O ministro, que planejava sair na próxima semana, deve esperar agora Marta Suplicy (Turismo) e entrar na campanha em maio.

Barba e cabelo. O PT calcula que vá eleger 85% dos prefeitos do Acre, onde controla o governo estadual há 14 anos. Na capital, Rio Branco, a aliança que apóia a reeleição do prefeito Raimundo Angelim reúne 17 partidos.

Nosso herói. O súbito ataque de rebeldia de Arlindo Chinaglia (PT-SP) em relação ao Palácio do Planalto deve levar a oposição a dar um voto de confiança ao presidente da Câmara. Os líderes do PSDB, do DEM e do PPS concordaram em votar nesta semana de três a quatro medidas provisórias que trancam a pauta, desde que Chinaglia mantenha o discurso de que vai acabar com a farra das MPs.

PAG. A MP sobre questão fundiária que o governo acaba de editar amplia a área de regularização, sem licitação, de terras públicas griladas. Com isso, favorece os grandes proprietários, motivo pelo qual já ganhou apelido da bancada ligada aos sem-terra: Plano de Aceleração da Grilagem.

Tiroteio

Com a avaliação do governo nas alturas, só resta à oposição pedir uma CPI para investigar as causas da popularidade do presidente Lula.

Do deputado JOSÉ EDUARDO MARTINS CARDOZO (PT-SP), sobre o recorde de aprovação ao governo Lula segundo nova pesquisa Ibope.

Contraponto

Classificados

Num dos eventos da extensa agenda que cumpriu em Pernambuco, Lula dividia o palanque na quinta em Recife com o governador Eduardo Campos (PSB) e o ministro José Múcio (Relações Institucionais). Este, quando chegou sua vez de discursar, não poupou elogios ao chefe:
-Se o senhor for candidato a senador por Pernambuco, como quer o Eduardo, é bem capaz de se eleger com cem por cento dos votos-, entusiasmou-se Múcio.
Lula aproveitou a deixa:
-Quer ser meu suplente?
E o ministro arrematou:
-Querer eu quero, mas não sei se consigo. A fila para esse emprego já está lá em Salgueiro!


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