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Governo infla PAC 2 com obras antigas
Ao menos 64% das ações do novo programa de crescimento, lançado com festa ontem, já haviam sido listadas no PAC 1
Para saírem do papel, as diretrizes dependem ainda da concessão de licenças ambientais e da aprovação de leis no Congresso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A segunda versão do Programa de Aceleração do Crescimento, lançada ontem pelo governo Lula, está inflada com
ações listadas no primeiro PAC.
Dos 913 projetos da nova etapa do programa (pós-2011) para as áreas de energia, transportes e recursos hídricos, 64%
são oriundos da primeira fase,
lançada em 2007 e usada pelos
petistas como vitrine da pré-candidatura presidencial da
ministra Dilma Rousseff.
Os dados foram extraídos do
caderno sobre a segunda versão
do programa divulgado ontem
pelo governo. Recheado com
legendas e mapas coloridos, o
documento aponta em vermelho as obras da primeira versão
do PAC (465); em azul, os projetos exclusivos da nova versão
(332); e, na cor rosa, as obras
lançadas na primeira etapa,
mas com previsão inicial de
conclusão após 2010 (116).
O caderno revela que o PAC 2
tem, como previsão para as
áreas de energia, transportes e
recursos hídricos, apenas 36%
de ações não citadas no PAC 1.
O primeiro PAC (2007-2010)
previu investimentos de
R$ 638 bilhões até o final deste
ano. Segundo o governo, até dezembro do ano passado, 40,3%
das ações foram concluídas.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a verba
do PAC 2 não contempla a primeira etapa, mas destina verba
para novos projetos ou partes
novas de obras antigas. Ele admitiu, entretanto, que a primeira etapa do programa pode
deixar gastos para a segunda
etapa. "Cada governo sempre
deixa um pouco para o outro."
Reportagem recente da Folha mostrou que o governo maquiou balanços do programa
para esconder atrasos em suas
principais obras. De 76 ações
divulgadas no primeiro balanço
do programa, 57 (75%) sofreram atraso no cronograma.
O PAC 2 prevê investimentos
de R$ 980 bilhões entre 2011 e
2014 e outros R$ 631 bilhões a
partir de 2015. O programa tem
foco em áreas de cunho eleitoral, como saúde e saneamento,
mas é impulsionado por programas de geração de energia e
exploração de petróleo e gás,
que exigem alto investimento.
Cerca de R$ 220 bilhões, de
quase R$ 1 trilhão previsto de
investimento entre 2011 e
2014, sairiam do Orçamento da
União. O restante viria da iniciativa privada, de pessoas físicas e de estatais, por exemplo.
Mas, para saírem do papel, as
diretrizes do programa anunciadas ontem precisam se
transformar em projetos de
prefeituras e governos e dependem ainda da concessão de licenças ambientais e da aprovação de leis no Congresso. É o
caso da nova fase do programa
Minha Casa, Minha Vida, com
nova meta de unidades.
Entre as principais ações
previstas para o PAC 2 estão o
pré-sal, a prorrogação do Luz
para Todos, a pavimentação de
rodovias e ampliação da malha
ferroviária e dos aeroportos.
O caderno com as principais
diretrizes do PAC 2 foi lançado
ontem num evento organizado
pelo governo para marcar a
despedida antecipada de Dilma
do governo. Amanhã ela deixa a
Casa Civil para disputar a eleição presidencial.
(EDUARDO SCOLESE, LEILA COIMBRA E SIMONE IGLESIAS)
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