São Paulo, terça-feira, 30 de março de 2010

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ANÁLISE

Publicidade é um dos alvos do programa

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é à toa que na página principal do governo federal sobre o Programa de Aceleração do Crescimento exista, bem ao lado do slogan do PAC, a palavra "publicidade".
Clicando ali, é possível baixar facilmente a "marca PAC", tanto nos formatos "horizontal" como "vertical" como em vários tamanhos. Ou, para quem tiver necessidade, conhecer o "Manual da marca PAC" e suas aplicações para chancelar obras de infraestrutura.
Já para conhecer o detalhamento da execução do programa, as dificuldades são intransponíveis. Além de balanços quadrimestrais que não detalham nem 10% das ações do PAC executadas até aqui, a relação de centenas de obras divididas por todo o país não traz quase nenhum delineamento.
Ontem, mais uma vez, o governo anunciou que cerca de 40% do PAC 1 foram finalizados. Como saber? Mais uma vez, são apenas grandes números distribuídos pelos Estados.
Não há nada esmiuçado, como seria de se esperar da maior vitrine da candidata à sucessão de Lula, Dilma Rousseff, tida como "técnica" e rigorosa.
No lançamento do PAC 2 ontem, em Brasília, Dilma pelo menos foi relativamente "rigorosa" ao afirmar que o programa "firmou a mais sólida relação entre o setor público e privado". E que promoveu trabalho "harmônico e integrado" entre Estados e municípios.
Com uma miríade de coligações envolvendo o PT em ano eleitoral e a popularidade de Lula em nível recorde de 76%, não admira que a "marca PAC" seja usada de forma publicitária por vários governos estaduais para chancelar obras.
Mas o que a ministra-candidata não disse é que, sem as empresas privadas, Estados e municípios, os gastos diretos do governo Lula na área de infraestrutura nos últimos sete anos e três meses são tão pífios quanto o foram nos oito anos do governo FHC (1995-2002).
Por conta de outras despesas que não param de aumentar, na média, nenhum dos dois governos superou a irrisória marca de 1% do PIB. Mesmo tendo ambos acelerado o aumento da carga tributária.


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