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Empresários criticam "precipitação" de bancos
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Empresários consideraram
"precipitado" e "sem fundamento" o rebaixamento da classificação dos títulos da dívida brasileira
atribuído pelos bancos de investimento Merrill Lynch e Morgan
Stanley ao crescimento de Luiz
Inácio Lula da Silva nas pesquisas.
"Acho uma precipitação muito
grande", diz Alfried Ploger, presidente da Abrasca (associação das
empresas com ações em Bolsa).
"Com os acontecimentos mundiais, todos os que trabalham com
"rating" [avaliação de risco] estão
tão apavorados que é mais fácil
colocar o "rating" para baixo", diz.
"Está certo que Lula está crescendo e que a saída da Roseana
[Sarney] trouxe alguma insegurança, principalmente para quem
não está no Brasil", diz Ploger. "O
dinheiro é uma das coisas mais
covardes do mundo, é natural,
não devemos nos assustar", diz.
Para Henrique Meirelles, presidente mundial do BankBoston, é
natural que as incertezas do cenário eleitoral causem uma preocupação maior. "Isso não quer dizer,
na minha opinião, que seja uma
preocupação direta com o Lula,
mas com o desconhecido, seja o
Lula ou seja qualquer um. Parece-me normal que as pessoas se
preocupem, até porque as discussões eleitorais no Brasil não são
muito claras", disse Meirelles.
O auditor Antoninho Marmo
Trevisan acha que "não é razoável" relacionar pesquisa eleitoral
com avaliação de risco. "Lula já
declarou que não vai romper contratos. O fato grave é o crescimento da dívida interna. Qualquer
que seja, o novo governo terá que
tomar medidas. E, para isso, não
precisaríamos nem trocar de presidente", diz o auditor.
Para Lawrence Pih, do Moinho
Pacífico, a reclassificação é apenas
"um ajuste de avaliações precipitadas". "Não tem nada a ver com
o fato de a oposição estar com índice de aceitação melhor", diz.
"A credibilidade dessas análises
pode ser medida pela avaliação
recente que fizeram da Argentina,
colocada acima do Brasil", diz.
Pih lembra que esses analistas
"elevaram o nível do Brasil em
função dos números macros, que
não foram cautelosamente nem
criteriosamente avaliados", diz.
"O quadro geral macroeconômico -e não eleitoralmente- é
bem pior do que antes, tanto no
Brasil como no exterior", diz.
Para o consultor Flávio Corrêa,
ex-presidente da Abap (Associação Brasileira das Agências de Publicidade), "qualquer partido que assumir não provocará ruptura
com os compromissos do país no
exterior, pois não há clima para
radicalismo". "Não vejo nenhum
risco brasileiro. Esse tipo de comentário é antidemocrático", diz.
Artur Quaresma Filho, presidente do Sinduscon-SP (construção), acha que é prematura qualquer opinião sobre a subida de
Lula nas pesquisas eleitorais.
O secretário-geral da CUT, Carlos Alberto Grana, classificou o
rebaixamento de "terrorismo". "É
inaceitável criar um clima desfavorável à candidatura de Lula."
Colaboraram ÉRICA FRAGA, CLÁUDIA
ROLLI E FÁTIMA FERNANDES, da Reportagem Local
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