São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 2002

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PT tomou decisões incorretas, diz Malan

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Pedro Malan (Fazenda) disse que o PT tem dado "passos" na direção correta, mas afirmou que o partido tomou várias decisões "incorretas" no passado que ainda não foram revistas. Sem citar a sigla PT, Malan disse que "o maior partido de oposição do país" acabou sendo alvo de uma avaliação negativa dos bancos de investimento americanos Merrill Lynch e Morgan Stanley Dean Witter porque não deixou claro se mudou mesmo.
O ministro disse, porém, que ainda não havia sido informado da reavaliação. O banco rebaixou a sua classificação sobre a dívida brasileira porque o pré-candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, aumentou sua liderança nas pesquisas eleitorais.
"Todos os analistas vão fazer projeções para o futuro. Eles são responsáveis por recursos que não são seus", disse o ministro. Malan apenas ressalvou que a pesquisa eleitoral mais importante é a que acontecerá com as eleições em outubro.
"É uma justificativa equivocada para o rebaixamento [a vantagem de Lula" porque as pesquisas de opinião vão sair ao longo de vários meses. A economia não pode ser gerida sob a influência da pesquisa da véspera", comentou.
Ele lembrou que o PT participou da organização de um plebiscito em junho de 2000 sobre a possibilidade de o país deixar de pagar as dívidas externa e interna.
Segundo Malan, o mercado precisa saber que os contratos serão respeitados. "É legítimo que os observadores sejam mais esclarecidos mesmo", disse.
O ministro disse que tem notado "mudanças" nas posições do PT, mas explicou que decisões formalizadas em várias instâncias do partido ainda não foram revistas. Como sinais de mudança, Malan citou uma entrevista do deputado Aloizio Mercadante (PT-SP), publicada pelo jornal "Valor Econômico" na última semana. Nela, Mercadante diz que a queda dos juros não é uma questão de "vontade política".
"Expressões que eu uso há anos ["Não existem mágicas"" estão sendo usadas agora pelo deputado", disse. Mas Malan afirmou que os sinais de mudança ainda são tênues. "Essas coisas não se resolvem com uma entrevista."
O ministro citou o apoio de Lula ao protecionismo francês na área agrícola e as decisões da direção do PT sobre a necessidade de uma reforma radical na Lei de Responsabilidade Fiscal.
O ministro não quis revelar o seu voto nas eleições para presidente, mas lembrou uma entrevista dada à Folha em janeiro na qual classifica José Serra como "um grande quadro político" do país. (SÍLVIA MUGNATTO)



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