São Paulo, terça-feira, 30 de abril de 2002

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MARKETING DA SUCESSÃO

Marqueteiro de FHC exige poder de comando e deve manter Biondi na equipe do presidenciável tucano

Nizan impõe condições para assumir Serra

Juca Varella - 18.jan.2002/Folha Imagem
Nizan Guanaes, que pode assumir campanha de José Serra


KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O publicitário Nizan Guanaes fez exigências para assumir oficialmente o comando de marketing da campanha do pré-candidato do PSDB ao Planalto, José Serra. Só depois de ser atendido, o que está sendo tratado nestes dias, Nizan vai se considerar o marqueteiro de fato do tucano.
Sua primeira exigência é a contratação de Bia Aydar, empresária e promotora cultural de São Paulo, para cuidar da coordenação de produção e infra-estrutura da campanha. Bia é uma antiga companheira de Nizan. Em dupla, fizeram as campanhas do presidente Fernando Henrique Cardoso em 1994 e 1998.
Nas tratativas com Serra, Nizan também pediu a criação de um comando de campanha ao qual o pré-candidato obedeça. Nizan disse a FHC que uma das maiores dificuldades de Serra é obedecer.
A entrada de Nizan na campanha é mais uma das intervenções recentes de FHC para socorrer o pré-candidato. O presidente convenceu Nizan e Serra a esquecerem mágoas antigas.
Na eleição paulistana de 1996, Nizan foi o marqueteiro de Serra, que brigou com a equipe várias vezes, discordando de textos e de peças publicitárias. O publicitário avalia que Serra cria problemas desnecessários e já disse ao tucano que ele não deve se preocupar com texto de programa de TV, mas, sim, em fazer campanha.
O objetivo dessa espécie de "comando do comando" é afastar Serra da influência de auxiliares e de dirigentes tucanos que alimentariam, na visão do publicitário e de FHC, a imagem de truculência do pré-candidato. Nizan acredita que o entorno de Serra coloca lenha na fogueira quando deveria pôr panos quentes.
Nizan tem dito que a campanha e o comportamento de Serra deveriam mudar como um todo. A imagem de truculência é um carimbo que precisaria ser descolado da candidatura.

Acerto interno
Nizan já teve uma conversa com Nelson Biondi, atual marqueteiro de Serra que perde poder com sua chegada à campanha. Os dois deverão se reunir nos próximos dias, com a presença de Bia e de publicitários que auxiliam Biondi, como Rui Rodrigues e Paulo Cesar Bernardes.
Pelo estilo conciliador, há chance de Biondi permanecer como o número dois de Nizan. O publicitário baiano fará um afago: não pretende mexer na parte que Serra gravou com Biondi para programas do PSDB nos Estados.
Em conversas reservadas, Nizan diz que não vai para a campanha para ser o culpado por um eventual fracasso. Por isso, quer poder de decisão. Nizan diz que não se assusta com a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas. Argumenta que, na virada de abril para maio de 1994, Lula liderava perto dos 40% e FHC, então candidato, tinha menos intenção de voto que Serra, hoje entre 17% e 20%. Para Nizan, Serra tem muito tempo para virar o jogo.



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