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ARTIGO
O grande legado do jornalista
JANIO DE FREITAS
COLUNISTA DA FOLHA
QUEM suponha conhecer o legado de
Octavio Frias de Oliveira está iludido. Sua contribuição ao
jornalismo brasileiro, derrubando barreiras delimitadoras da liberdade de
pensamento e da independência de opinião na imprensa, ainda está por ser
mensurada, mas já é bastante conhecida. Não é o
que se passa com os alcances da inovação para além
da imprensa. Caso, entre
outros, das origens da democracia que vivemos.
O esgotamento do regime militar deveu-se a um
movimento de opinião
que lhe bloqueou as alternativas de sobrevida. O
acolhimento pela Folha
das insatisfações que despontavam no empresariado influente, cresciam
ainda mais no professorado, na intelectualidade,
nos artistas, e brotavam
mesmo entre políticos do
"sistema", foi a força motriz da arrancada com
que o movimento de opinião contaminou a maior
parte da imprensa e assim disseminou-se pelo
país todo. Sem tal movimento, o regime não teria
dificuldade maior para
consumar sua continuidade, a despeito de tudo.
O que implica reconhecer
uma relação direta entre
o núcleo difusor das opiniões pela redemocratização e a antecipação do
fim do regime militar.
Parte do legado de Octavio Frias de Oliveira.
Neste exemplo já histórico está a demonstração
de uma grandeza pessoal
incomum, envolta na
combinação incomum de
ausência absoluta de arrogância, finura diplomática e uma sensibilidade
extraordinária para perceber e compreender os
enredos e os pormenores.
Falta-nos descortinar essa grandeza e seus efeitos.
Octavio Frias de Oliveira, que grande homem,
que legado gigantesco.
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