|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JANIO DE FREITAS
A nova colaboração
A mais nova iniciativa das
""notáveis criatividade e presteza do governo FHC para
cuidar do interesse de uma
minoria de grandes empresas", como disse editorial na
Folha de ontem, é o uso de bilhões públicos, outra vez, para atender a conveniências
políticas do governo, e não a
necessidades da economia
nacional.
No começo de março, uma
pequena nota informava que
uma grande empresa sediada
no bairro do Jardim Botânico, Rio, estava pretendendo
US$ 2 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social. A pretensão não estava formalizada,
nem consta que tenha sido
mais tarde. O BNDES criou
uma fórmula apresentável
como uma oferta sua, espontânea, para uma centena de
empresas endividadas por
empréstimos tomados no exterior.
O grande montante na relação dos beneficiários criada
pelo BNDES é a combinação
Globo Comunicações/Net,
com perto de US$ 1,5 bilhão
na operação em que o BNDES
faz, com os credores externos,
a renovação das dívidas, em
troca se tornando garantidor
do pagamento e dos juros.
Requinte do uso do Estado,
dito sem recursos para o fundamental, em benefícios privados é a inclusão, na lista
disfarçante do BNDES, de
bancos estrangeiros, até credores do Brasil e de algumas
das empresas que, juntamente com eles, são privilegiadas
na nova operação.
Como não podia faltar,
também, a costumeira demonstração de que os negócios comandados pelo governo estão mais para negociatas do que para negócios, a
generosidade do BNDES tanto inclui bancos que passaram por intervenção e venda
forçada, como outros, também saneados à maneira do
governo, com os bilhões do
Proer.
Sairia mais barato e menos
inescrupuloso a concessão do
empréstimo que motivou todo esse mascaramento. Mas o
BNDES, nos últimos anos,
tornou-se, mesmo, agente de
operações desse tipo.
Para todos
Caso o Ministério da Aeronáutica relacione com seriedade os usos de aviões da FAB
por integrantes do governo,
os procuradores da República
que fizeram o pedido, Luiz
Francisco Fernandes de Souza e Guilherme Schelb, terão
iniciado uma providência
mais do que necessária. A
prestação de serviços impróprios para ter, como compensação, melhores verbas não é
própria de uma Força Aérea.
Própria do pessoal da Presidência da República é a explicação, mais uma, para o
turismo de Clóvis Carvalho e
companhias em avião da
FAB: o ministro viajou porque não existe dispositivo que
regulamente os vôos de autoridades federais em aviões da
FAB.
Então, amanhã de manhã,
um helicóptero da FAB lá em
frente de casa para me trazer
ao Santos Dumont. E, aí, um
avião à minha espera. Porque
também inexiste dispositivo
que regulamente, ou impeça,
vôos de cidadãos de fora do
governo em aviões da FAB.
Quando a explicação da
Presidência da República é
pobre de inteligência, vá lá.
Mas, com raras exceções, é
também rica em cinismo.
Texto Anterior: Saiba quem apostou contra o real e ganhou milhões Próximo Texto: No Ar - Nelson de Sá: Embate Índice
|