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Garotinho formou quadrilha com ex-chefe da polícia, diz PF
Procuradoria denuncia ex-governador do Rio, acusado de corrupção na segurança
Agentes da polícia fizeram busca em duas casas de Garotinho; Álvaro Lins,
que comandava a Polícia
Civil, foi preso em flagrante
Rafael Andrade/Folha Imagem
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Policiais vasculham casa de Garotinho em Laranjeiras, no Rio |
RAPHAEL GOMIDE
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-governador do Rio Anthony Garotinho e o deputado
estadual e ex-chefe da Polícia
Civil do Rio Álvaro Lins, ambos
do PMDB, foram acusados pelo
Ministério Público e pela Polícia Federal de integrar uma
"organização criminosa" que
usou a estrutura da segurança
do Rio para praticar corrupção,
extorsão, facilitação de contrabando e lavagem de dinheiro
com propósito de enriquecimento pessoal e arrecadação
para campanhas políticas.
Lins e seis pessoas -entre familiares seus e policiais com
quem trabalhou- foram presos e três outros policiais estavam foragidos. O sucessor de
Lins na chefia da Polícia Civil,
Ricardo Hallak, se entregou na
noite de ontem. Não havia
mandado de prisão contra Garotinho (denunciado sob a acusação de formação de quadrilha
armada), mas agentes da PF fizeram buscas e apreenderam
computadores e documentos
em suas casas em Campos
(norte fluminense) e em Laranjeiras (zona sul do Rio).
O superintendente regional
da PF, Valdinho Jacinto Caetano, afirmou, sem citar nomes,
alegando segredo de Justiça,
que a "quadrilha" tinha um
chefe político, "um chefe
maior", e um chefe político-operacional, que controlava
policiais. O único político denunciado foi Garotinho.
De acordo com a PF e o Ministério Público, o esquema dava cobertura e proteção a empresários sonegadores de impostos e a empresários de caça-níqueis e jogos de azar. "O foco
da quadrilha era nomear determinados delegados para chefiar delegacias mediante compromisso de repassar pagamento mensal", disse Caetano.
Principal alvo da PF, que o
investiga há ao menos um ano e
meio, Lins foi preso em seu
apartamento, em Copacabana,
em flagrante, após a apreensão
de documentos de propriedades que seriam suas de fato,
mas registradas em nome de
parentes da mulher, Sissy Bullos (ela e mais três da família
foram presos e denunciados), e
de outras pessoas. Os bens estão sob a custódia da Justiça.
Deputado, Lins só pode ser
preso em flagrante por crime
inafiançável. A Folha apurou
que a Justiça Federal, na decisão, afirmou ver indícios suficientes de lavagem de dinheiro
e ocultação de bens, em "situação flagrancial". Para a PF, foi
um sinal de que poderiam dar
voz de prisão a ele se houvesse
no apartamento elementos que
confirmassem as suspeitas.
"Em várias delegacias, os denunciados faziam vista grossa a
condutas ilegais em troca de altas quantias", afirmou o procurador Maurício Ribeiro, segundo quem Garotinho dava respaldo político ao grupo.
"Sem sua participação, a quadrilha não conseguiria exercer
as atividades ilícitas", disse. De
acordo com o procurador Paulo Corrêa, Garotinho nomeava
de acordo com a vontade do
grupo. "Se tinham interesse em
determinada delegacia, que
permitiria extorquir empresários, para colocar delegado, isso
tinha que passar pelo crivo de
Garotinho", afirmou.
A denúncia acusa Garotinho
de ter, quando era secretário da
Segurança do governo de sua
mulher, Rosinha Matheus, trocado o chefe da Delegacia do
Meio Ambiente para favorecer
o grupo. Essa substituição foi
fundamental para que Garotinho fosse incluído na quadrilha. O advogado Sérgio Mazzillo confirmou que houve a
substituição, mas a pedido da
Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). Segundo ele, o delegado
afastado por Garotinho está
envolvido em irregularidades.
O procurador Corrêa ressalvou que o governador foi denunciado por formação de quadrilha porque não há provas de
participação na corrupção ou
de que tenha se beneficiado financeiramente de forma direta. Para ele, o ganho do ex-governador foi "político".
Colaborou DENISE MENCHEN ,
da Sucursal do Rio
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