São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 2008

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Inocêncio questiona prazo do caso Paulinho

Corregedor entra com representação contra presidente do Conselho de Ética, que pediu 15 dias para instaurar processo

Houve discussão, e Arlindo Chinaglia, presidente da Câmara, teve de intervir; ele declarou esperar "que o conselho cumpra seu papel"


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O processo de cassação do mandato do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, provocou um conflito entre o corregedor da Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), e o novo presidente do Conselho de Ética, deputado Sérgio Moraes (PTB-RS).
Inocêncio ingressou ontem com representação contra Moraes por ele ter se recusado a instaurar processo contra Paulinho na quarta-feira. Eles trocaram acusações e o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), teve de intervir no bate-boca: "Pára. Eu não vou aceitar pressão", disse Chinaglia.
"Eu estou agindo com cautela e firmeza. Não vou trabalhar no canetaço. Eu ainda nem estive no espaço físico do conselho, apenas disse que precisava de até 15 dias para instaurar o processo. Vocês querem de uma forma afoita. Acho que o Inocêncio se precipitou por ter me criticado", afirmou Moraes.
Inocêncio disse que o regulamento do conselho determina que processos disciplinares sejam instaurados imediatamente. Ele chegou a citar o "Aurélio" para mostrar o que significa "imediatamente". Chinaglia disse que "Inocêncio tem razão quando diz imediatamente. Imediatamente não implica demora. Pode ser um ou dois dias, desde que não haja a intenção de empurrar com a barriga. Vou discutir com a Mesa e espero que nesse período o conselho cumpra o seu papel".
O novo presidente do conselho recuou do prazo de até 15 dias e marcou reunião na próxima terça para definir o relator e iniciar o processo de cassação. A decisão de Moraes não significa que ele irá acelerar o processo contra o pedetista. O presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), irá orientar o colega de partido a prolongar a discussão porque avalia que Paulinho não deve ser cassado.
Jefferson deve ir no sábado à casa de Moraes em Santa Cruz do Sul (RS) para tratar do caso: "Vou pedir a ele que trate essa coisa com total cautela. Todo mundo na vida pública tem problema e não dá para Inocêncio passar a posar de xerife da ética. O PTB o defendeu de acusações de que mantinha funcionários em regime de escravidão. Então vamos com calma".
Para ele, o conselho deveria propor apenas uma advertência a Paulinho, deixando para o Supremo Tribunal Federal a decisão de puni-lo ou inocentá-lo: "O que estão fazendo com ele é fascismo. Ele já apanhou. Foi demolido. Aconselho que Paulinho enfrente o processo e abra o jogo, bote o dedo na ferida e, se cair, que caia de pé. Ele não deve pensar agora em salvar o mandato, mas sua honra".
Paulinho disse que descarta a renúncia. Ele reafirmou que é vítima de uma armação e que tem como comprovar isso.


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