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Para Minc, "não haverá credito para desmatar"
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A BONN
Dois dias depois de tomar
posse, o ministro do Meio
Ambiente, Carlos Minc,
anunciou ontem na Alemanha uma série de medidas
que, segundo ele, são uma
demonstração da força política que exigiu do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva para aceitar o cargo. Minc prometeu dar continuidade às
políticas de sua antecessora,
Marina Silva, que "se sacrificou para elevar o status da
luta ambiental no Brasil".
Entre as medidas anunciadas ontem por Minc, muitas
haviam sido propostas por
Marina e engavetadas pelo
governo. Entre elas está a de
negar a concessão de crédito
a empresas ou propriedades
rurais que estejam com registro irregular ou sem licença ambiental. Ela entrará em
vigor a partir do dia 10. "Não
haverá mais crédito para
desmatar", prometeu Minc.
Foi uma visita-relâmpago
a Bonn, onde ele participou
da 9ª Conferência de Diversidade Biológica. A pedido de
Lula, Minc retornou ao Brasil quatro horas e meia após a
chegada, para poder estar no
encontro com governadores
da Amazônia, hoje em Belém. Após a estréia internacional ontem, previu Minc, a
reunião de Belém será seu
"segundo teste de fogo".
"Muitos [dos governadores] articularam a derrubada
da medida que corta o crédito para os desmatadores ilegais. Falei pelo telefone com
cinco desses governadores e
disse que levaria boas notícias àqueles que quiserem
trabalhar com a sustentabilidade. E que incrementaria a
Polícia Federal e a Guarda
Nacional para os que cometerem crimes ambientais."
Em seu curto discurso,
enumerou as prioridades
ambientais do Brasil e procurou desarmar a desconfiança provocada pela renúncia de Marina, considerada
um símbolo internacional na
preservação. "Aqueles que
são amigos de Marina são
meus amigos. E os inimigos
dela são também os meus."
Sobre os biocombustíveis,
Minc destoou do discurso do
Itamaraty. Reconheceu que
o etanol pode ter impacto
ambiental, embora menor
que outros agrocombustíveis. "O Brasil não se negará
a participar das discussões
sobre os impactos ambientais do etanol e dos biocombustíveis. Mas temos que fazer uma distinção entre a demanda legítima dos ambientalistas e outros interesses,
que apontam contra o etanol
um dedo sujo de carvão."
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