São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 2008

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Para Minc, "não haverá credito para desmatar"

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A BONN

Dois dias depois de tomar posse, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciou ontem na Alemanha uma série de medidas que, segundo ele, são uma demonstração da força política que exigiu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para aceitar o cargo. Minc prometeu dar continuidade às políticas de sua antecessora, Marina Silva, que "se sacrificou para elevar o status da luta ambiental no Brasil".
Entre as medidas anunciadas ontem por Minc, muitas haviam sido propostas por Marina e engavetadas pelo governo. Entre elas está a de negar a concessão de crédito a empresas ou propriedades rurais que estejam com registro irregular ou sem licença ambiental. Ela entrará em vigor a partir do dia 10. "Não haverá mais crédito para desmatar", prometeu Minc.
Foi uma visita-relâmpago a Bonn, onde ele participou da 9ª Conferência de Diversidade Biológica. A pedido de Lula, Minc retornou ao Brasil quatro horas e meia após a chegada, para poder estar no encontro com governadores da Amazônia, hoje em Belém. Após a estréia internacional ontem, previu Minc, a reunião de Belém será seu "segundo teste de fogo".
"Muitos [dos governadores] articularam a derrubada da medida que corta o crédito para os desmatadores ilegais. Falei pelo telefone com cinco desses governadores e disse que levaria boas notícias àqueles que quiserem trabalhar com a sustentabilidade. E que incrementaria a Polícia Federal e a Guarda Nacional para os que cometerem crimes ambientais."
Em seu curto discurso, enumerou as prioridades ambientais do Brasil e procurou desarmar a desconfiança provocada pela renúncia de Marina, considerada um símbolo internacional na preservação. "Aqueles que são amigos de Marina são meus amigos. E os inimigos dela são também os meus."
Sobre os biocombustíveis, Minc destoou do discurso do Itamaraty. Reconheceu que o etanol pode ter impacto ambiental, embora menor que outros agrocombustíveis. "O Brasil não se negará a participar das discussões sobre os impactos ambientais do etanol e dos biocombustíveis. Mas temos que fazer uma distinção entre a demanda legítima dos ambientalistas e outros interesses, que apontam contra o etanol um dedo sujo de carvão."


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