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Procuradoria investiga irregularidades em obras de Guarulhos
Ministério Público Federal faz busca e apreensão na prefeitura para apurar suspeita de superfaturamento na construção do complexo viário do rio Baquirivu
FLÁVIO FERREIRA
ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal
realizou ontem busca e apreensão na Prefeitura de Guarulhos
(Grande São Paulo) e em escritórios da construtora OAS para
ampliar investigações sobre o
suposto superfaturamento nas
obras do complexo viário do rio
Baquirivu. Segundo a Procuradoria, as obras trouxeram prejuízos de mais de R$ 30 milhões
aos cofres públicos.
O inquérito civil do caso investiga, além da OAS, dois ex-prefeitos de Guarulhos, Jovino
Cândido (PV), prefeito entre
1998 e 2000, e o petista Elói
Pietá (2001-2008), além de um
ex-secretário de Obras, quatro
engenheiros da prefeitura e um
funcionário da OAS.
Ninguém foi preso durante a
ação, que contou com apoio de
agentes da Polícia Federal.
Pietá apoiou a eleição do
atual prefeito, Sebastião Almeida (PT). A atual gestão divulgou
uma nota ontem em que afirmou que todas as informações
solicitadas pelo Ministério Público e o TCU foram fornecidas,
e considerou a busca e apreensão "desnecessária".
O procurador da República
Matheus Baraldi Magnani afirmou ontem que já tem elementos para oferecer denúncia
(acusação formal) por improbidade administrativa contra alguns dos investigados.
Para Magnani, o material recolhido ontem poderá levar à
abertura de procedimentos na
área criminal para apuração de
delitos de fraude em licitação e
de corrupção.
TCU
O TCU (Tribunal de Contas
da União) aponta irregularidades nas obras desde 2001. Há
um ano, a Comissão de Orçamento do Congresso Nacional
impediu repasses do governo
federal para as obras com base
nos apontamentos do TCU.
O contrato para realização da
obra foi assinado entre a prefeitura e a OAS em 1999, a um valor de R$ 78 milhões, após a
empresa ter vencido uma licitação. A obra contou com recursos do governo federal, do Estado de São Paulo e da Prefeitura
de Guarulhos.
Segundo o Ministério Público Federal, o contrato inicial já
aponta irregularidades, mas as
primeiras alterações e superfaturamentos ocorreram nos
anos seguintes, com diversas
alterações não formalizadas
que provocaram um aumento
no preço da obra.
Um único serviço, o de "arrancamento de guias", foi superfaturado em 785%, segundo
o procurador Magnani, que
considerou "escandaloso" o superfaturamento ocorrido. O
preço final das obras ultrapassou os R$ 100 milhões e 10% da
obra ainda espera conclusão.
O procurador disse que uma
fraude utilizada na obra foi o
"jogo de planilhas", em que, na
licitação, a empresa indica preços acima do mercado para alguns serviços e valores subfaturados para outros, para que o
preço global seja reduzido.
Iniciada a obra, aumenta a
utilização de serviços superfaturados e reduz-se a dos itens
com preço abaixo do mercado.
O ônus fica com a prefeitura.
Além dessa irregularidade, o
TCU já havia apontado a inexistência de licenciamento ambiental, alterações onerosas do
projeto original sem justificativa e execução de serviços não
previstos no contrato.
O empreendimento fica entre a rodovia Presidente Dutra
e a avenida João Jamil Zarif, à
margem direita do rio Baquirivu. A obra melhorou o acesso
ao aeroporto internacional de
Guarulhos.
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