São Paulo, Domingo, 30 de Maio de 1999
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PAINEL

Proposta final

O relatório da reforma do Judiciário, de Aloysio Nunes (PSDB-SP), proporá a extinção total da Justiça do Trabalho, que seria absorvida pela Justiça Federal. E a criação de um conselho misto de controle do Poder, com membros do Judiciário e de fora dele.

Medida polêmica

A súmula vinculante consta do relatório da reforma do Judiciário (que tramita em comissão da Câmara). As decisões do STF devem ser obrigatoriamente seguidas pelas instâncias inferiores.

Vai dar barulho

No ponto sobre nepotismo, o relatório não trata apenas do Judiciário, mas também do Executivo e do Legislativo. Pela proposta, ficam proibidas as contratações de parentes de até terceiro grau em todo o serviço público.

Temendo o futuro

Na avaliação de caciques do PMDB e do PFL, se FHC estiver mal em 2002 não será só o PSDB o prejudicado. Eles também teriam pouca chance numa disputa presidencial. Daí, já haver conversa para desengavetar a emenda parlamentarista.

Bem mais fácil

O projeto parlamentarista daria chances a figuras como ACM e Temer de virar primeiro-ministro. Apesar da roupagem casuística e golpista, não convém subestimar a capacidade da elite política de arrumar saídas para minar candidatos da oposição.

Jogo de ocasião

A força da tese de parlamentarismo em 2002 vai depender da popularidade de FHC. Se o presidente estiver bem, as alardeadas ""candidaturas próprias" do PMDB e do PFL viram fumaça.

Apenas um coronel

Apesar de o projeto presidencial de ACM ser levado a sério por empresários e por setores da política, caciques do PFL e do PMDB são os primeiros a bombardeá-lo. Não vêem a menor chance do senador pefelista num pleito nacional, pois não tem penetração em SP, RJ, MG e RS.

Maldade em dose dupla

As conversas entre ACM e Jader Barbalho não se resumem ao melhor jeito de azucrinar a vida de FHC no Congresso. Passam por uma eventual aliança entre PMDB-PFL na eleição de 2002. Parlamentarismo é uma opção.

Parece bode

O líder do PSDB na Câmara, Aécio Neves (MG), apresentará projeto de quarentena para diretores do BC na entrada e na saída. Pelo período de dois anos.

Sabe tudo

Eduardo Jorge, ex-secretário-geral da Presidência, era o mais influente assessor de FHC junto a fundos de pensão. Especialmente os fundos que formaram consórcios com empresas e arremataram teles na privatização.

Chiste collorido

Piadinha que circula no Congresso: ""Sabe por que Collor não foi à posse do novo presidente do STF, Carlos Velloso? Pegaria mal ser fotografado ao lado de FHC".

Que negócio é esse?

O TCU (Tribunal de Contas da União) vai cobrar do BNB (Banco do Nordeste) explicações sobre empréstimos supostamente irregulares que foram concedidos a empresas, entre as quais uma companhia do governador Tasso Jereissati (PSDB-CE).

Podia ser pior

Avaliação de caciques governistas: em termos eleitorais, só a oposição ganhou com o grampo do BNDES. Por isso, a operação abafa funcionou por música. Mas é consenso que o PT não soube tirar partido da situação. A medida extrema do impeachment não comoveu ninguém.

Assunto de sua pasta

Sem ser ouvido, Pimenta (Comunicações) foi escalado para defender FHC da acusação de favorecer consórcio no leilão das teles. Quando chegou a Brasília, no final da manhã de terça, o mineiro encontrou o plano pronto. Virou porta-voz e acabou criticado por não ter convencido.

TIROTEIO
De Jacques Wagner (PT-BA), sobre um trecho das fitas do grampo no BNDES no qual fala-se em ""bomba atômica", uma referência à possibilidade de se usar FHC para tomar partido de um dos consórcios na privatização das teles:
- Em um ponto, até o PT concorda com André Lara Resende e Mendonça de Barros. FHC é mesmo uma bomba atômica. Arrasou a economia, o emprego, as estatais, a agricultura...
CONTRAPONTO Muro é meu lema

A adaptação para o mundo tucano de uma piada que circula na Internet tem feito muito sucesso em Brasília.
No leito de morte, um velho político do PSDB recebe a visita de um padre, que, a pedido da família, começa a ministrar a extrema-unção:
- Antes de morrer, o senhor precisa reafirmar a sua crença em Deus e renegar o diabo!
O tucano, porém, permanece impassível.
O padre insiste:
- O senhor precisa renegar o mal para se juntar ao Senhor no reino dos céus.
O político não se manifesta.
Perdendo a paciência, o religioso pergunta:
- Por que o senhor não renega o diabo?
O tucano enfim responde:
- Enquanto eu não souber para onde eu vou, não quero ficar mal com ninguém!
Qualquer semelhança com o modo FHC de governar não é mera coincidência.

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