São Paulo, domingo, 30 de junho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Tucano lança programa econômico nesta semana com o compromisso de manter medidas do governo FHC

Serra anuncia programa da "manutenção"

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, pretende anunciar seu programa econômico de governo nesta semana. O tucano assumirá o compromisso de manter o superávit primário das contas do governo federal que for necessário para manter a dívida interna sob controle.
Serra manterá a previsão de superávit primário de 3,75% estabelecida na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). A notícia de que essa meta seria de 4% ou 4,5%, conforme têm sugerido alguns economistas, foi atribuída a um "ataque especulativo" pela equipe de programa do tucano. Ou seja, fala-se em 4%, ele anuncia 3,75%, e os especuladores teriam um prato cheio para dizer "eles baixaram a meta para gastar mais, não vai dar certo".
Serra vai anunciar seu programa nesta semana numa tentativa também de acalmar o mercado. Ao longo da semana, integrantes da equipe do programa econômico mantiveram reuniões com bancos estrangeiros e agências internacionais de análise de risco com o mesmo objetivo.
O prefeito de Vitória (ES) e coordenador geral do programa de Serra, Luiz Paulo Vellozo Lucas, esteve em Londres, para participar de uma conferência sobre mercados emergentes patrocinada pelo Morgan Stanley. Em Brasília, na quinta-feira passada, o economista Gesner Oliveira, que coordena a parte econômica do programa, reuniu-se com representantes dos principais bancos estrangeiros.

Mau negócio
Ambos tentaram convencer seus interlocutores de que é um mau negócio apostar contra o país. Em Londres, Vellozo Lucas encerrou sua exposição mostrando uma foto de Rivaldo comemorando o gol de empate no jogo da seleção brasileira contra a seleção inglesa. "Somos um povo comprometido com a vitória", disse.
A platéia, de início, pareceu não entender, mas logo em seguida respondeu com uma sonora gargalhada. Em síntese, o que os economistas disseram foi o seguinte: o compromisso de Serra é reduzir a dívida em relação ao Produto Interno Bruto, hoje em torno de 58%. A dívida pode até permanecer do tamanho em que está, mas a queda se dará em função do aumento do PIB, por meio do crescimento econômico.
"Precisamos sair do círculo vicioso alta taxa de juros, menos investimento e menos crescimento da economia, para um círculo virtuoso", diz o prefeito de Vitória, Vellozo Lucas.
Isso se daria por meio do combate à dependência externa: se o déficit nas contas externas for reduzido, será menor a necessidade de capitais estrangeiros. Com isso, o governo pode baixar a taxa de juros e estimular o crescimento. E, no futuro, diminuir progressivamente a necessidade de superávit primário alto.
A equipe de Serra garante que tudo será feito sem aumento de impostos. Ou seja, fazer mais com o mesmo. A reforma tributária terá prioridade.
O programa social de Serra será anunciado mais adiante. O tucano acha que estão copiando as idéias lançadas por ele, como a criação dos ministérios da Segurança e do Exterior e a universalização da pré-escola para famílias carentes.


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