São Paulo, domingo, 30 de junho de 2002

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Empresas de brindes esperam lucro alto nas eleições

LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

Porta-comprimidos para a campanha do "pai" dos genéricos, o presidenciável governista, José Serra (PSDB-PMDB). Estrelas de espuma vermelha anti-stress para quem vota no candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. Para os eleitores evangélicos do presidenciável do PSB, Anthony Garotinho, marcadores de Bíblia. Ciro Gomes, candidato da Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT) à Presidência, distribuirá o kit usual: camiseta/santinho/button.
Os brindes inusitados ou comuns, solicitados mesmo antes do início oficial das campanhas para as eleições deste ano, em 6 de julho, já acumulam orçamentos nas empresas especializadas em brindes para a eleição -período em que há um aumento de até 20% no faturamento anual do setor, que é de R$ 1,5 bilhão.

Competitivos
"Além dos candidatos às [eleições" proporcionais [deputados estaduais, federais e senadores", que dão muito lucro, há quatro candidatos competitivos à Presidência, certamente dispostos a investir- algo que não víamos desde 1989", declarou o presidente da (Anfab) Associação Nacional dos Fabricantes de Brindes, Fábio Bom Ângelo, que agrega cerca de 300 empresas.
A empresa Sertha Brindes enviou dois orçamentos para a agência de Nizan Guanaes, que coordena a campanha de Serra: o de um porta-comprimidos simples, sem divisórias, que sai por R$ 0,30 a unidade, e outro com os horários do remédio na tampa, custando R$ 0,40 cada.
Também preparou outro orçamento para a agência de Duda Mendonça, publicitário da campanha de Lula: da produção especial de bolinhas anti-stress, em um formato diferente -a tradicional estrela-símbolo do PT.
O dono da Still Promotion, Glauco Alves, está preparando protótipos de anéis com estrelas, também para o PT. "Entreguei para a equipe de Duda um protótipo de plástico vermelho, cada um custando R$ 0,30", contou.
O publicitário Claudio Mello, professor de pós-graduação em vendas e merchandising da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo) afirma existirem pesquisas que demonstram que os brindes eleitorais tradicionais, como camisetas, canetas e bonés, são retrógrados e normalmente são recebidos com mau humor pelo eleitor.
"Exceto para o militante ou para quem usa a camiseta como vestimenta, o brinde retrógrado é motivo de descaso para o eleitor mais bem informado", disse.
Para o professor, se as equipes de publicidade começarem, contudo, a pensar em brindes mais inusitados, a reação do eleitor pode ser diferente.

Brinde setorizado
O publicitário Elysio Pires, que coordena a campanha do candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho, disse que ainda não há nenhum trabalho direcionado a brindes diferenciados para a campanha do ex-governador fluminense.
Segundo Pires, a idéia de Garotinho- de distribuir cofrinhos para doações de R$ 1-, está sendo estudada juridicamente.
"Em vez disso, vamos ver se a lei permite vendermos "praguinhas [adesivos redondos" com os dizeres: "Eu contribui com R$ 1 para a campanha do Garotinho'", adiantou o publicitário.
O apoio evangélico ao pré-candidato do PSB já está sendo materializado em kits distribuídos em algumas igrejas, com marcadores de Bíblias e os tradicionais santinhos com fotos de Garotinho.
"Os marcadores de Bíblia não estão sendo feitos pela equipe oficial. Além disso, só atingem um eleitorado específico, os evangélicos", disse Pires.
O publicitário da campanha de Ciro, Einhard Jácome da Paz, disse que só houve trabalho para a confecção de brindes para a convenção do partido. Segundo ele, não é idéia do candidato fazer brindes para a campanha.
"Distribuir brindes tem algum retorno, mas é muito caro. O que temos para investir será em brindes simples, como camisetas e chaveiros, de forma a poder investir em um jornalzinho para a campanha e na estrutura para os comícios", afirmou.



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