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CASO CC5
Senador do PSDB defende a convocação, mas relator rejeita o pedido
Petista não vê motivos para
que CPI convoque Maluf
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relator da CPI do Banestado,
deputado federal José Mentor
(PT-SP), afirmou ontem que não
há elementos que justifiquem a
convocação de Paulo Maluf, ex-prefeito de São Paulo.
"Até este momento, a relatoria
[da CPI] desconhece qualquer
documento que tenha uma acusação contra Maluf", afirmou.
Em 2001, a Folha revelou a existência de depósitos em nome de
Maluf na ilha de Jersey, paraíso
fiscal no canal da Mancha. Maluf
nega ter contas fora do país.
A convocação ou não do ex-prefeito gerou mais um mal-estar entre o relator e o presidente da CPI,
senador Antero Paes de Barros,
do PSDB. Eles estão em confronto
há meses, desde que o tucano defendeu a quebra do sigilo bancário de um empresário defendido
pelo advogado Roberto Teixeira,
compadre do presidente Lula.
Ontem, Barros defendeu novamente a convocação de Maluf,
que já fora proposta em 2003. À
época, Mentor suspendeu a análise do requerimento com o mesmo argumento utilizado agora.
Barros atribuiu ao Ministério da
Justiça a responsabilidade pelo fato de não terem chegado à CPI
documentos relacionados a contas bancárias em paraísos fiscais
cujos beneficiários seriam Maluf e
sua família. Ele relatou aos colegas
que a pasta encaminhou ofício ao
Ministério Público informando
que, pelas regras de acordo internacional firmado com a Suíça, os
documentos enviados pelas autoridades estrangeiras só poderiam
ser utilizados para o fim específico para o qual foram demandados -ou seja, a investigação conduzida por promotores e procuradores em São Paulo. O senador
chamou o ofício de "absurdo".
O ministério informou, por
meio de sua assessoria, que o procedimento adotado é padrão e
que as autoridades suíças serão
consultadas sobre a possibilidade
de fornecer os papéis à CPI.
A sessão foi encerrada sem que
o requerimento sobre a convocação de Maluf fosse votado. Em dado momento, o deputado Dimas
Ramalho (PPS-SP) notou que seu
nome não estava na ata de uma
reunião realizada em maio pela
CPI. O seu protesto foi o estopim
para mais um confronto entre
Barros e Mentor.
Mentor queria suspender a sessão para corrigir o erro. Diante da
negativa de Barros, o relator pediu verificação de quórum, o que
levou ao fim da sessão, pois foram
computadas 13 presenças, em vez
das 18 necessárias. O deputado
Eduardo Paes (PSDB-RJ) chamou
de "esdrúxula" a atitude de Mentor, acusando-o de obstruir a CPI.
"Sinto-me afrontado."
"A ata não pode ser aprovada
incorreta. O regimento tem que
ser cumprido", disse Mentor. O
petista devolveu a acusação do tucano dizendo que o presidente da
CPI tem retardado as investigações que envolvem Gustavo Franco, que presidiu o Banco Central
em parte da gestão Fernando
Henrique Cardoso. Barros nega.
Franco, segundo o petista, precisaria dar mais explicações sobre
a concessão de regras diferenciadas para cinco bancos realizarem
remessas de recursos ao exterior
via contas CC5. As exceções teriam aberto brecha para operações de lavagem de dinheiro.
Eleições 2004
Maluf é candidato a prefeito de
São Paulo, cargo que também é
disputado por Marta Suplicy (PT)
e José Serra (PSDB). Em maio,
pesquisa Datafolha mostrou que
o tucano herdaria boa parte dos
votos de Maluf, caso o ex-prefeito
não disputasse a eleição.
À época, o tucano tinha 26% das
intenções de voto, no cenário então considerado como o mais
provável. Sem Maluf, Serra subia
para 34%, e Marta oscilava de
20% para 21%. A margem de erro
era de três pontos percentuais. Na
última pesquisa Datafolha, da semana passada, o cenário sem Maluf não foi aferido.
Colaborou a Redação
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