São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2004

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Papéis enviados pela Suíça mostram contas em nome da família Maluf

DA REPORTAGEM LOCAL

Os principais documentos que sustentam a investigação criminal e cível contra Paulo Maluf (PP) são os cerca de 20 quilos de papéis bancários enviados, em março deste ano, pelo Tribunal Federal da Suíça. São dezenas de extratos bancários, fichas de aberturas de conta, cartas manuscritas e textos de composição de empresa no exterior, quase todos com assinaturas similares à do ex-prefeito ou à de seus familiares.
O ex-prefeito nega ter contas fora do país e, em sua defesa, exibe sempre o atestado do Tribunal de Contas do Município, que aprovou todas as contas de sua gestão (1993-1996). Maluf diz ser vítima de perseguição política, já que é candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PP.
Em fevereiro deste ano, quando a Justiça da Suíça decidiu enviar os documentos para o Brasil, informou, por meio de seu acórdão, que Maluf não configurava como titular de contas naquele país. Era, porém, "detentor de direitos" de duas contas que permaneceram abertas até janeiro de 1997, cujos valores foram transferidos para a ilha de Jersey e para Londres -cerca de US$ 200 milhões e US$ 120 milhões, respectivamente, ainda segundo a Suíça.
Apesar de o Brasil ter solicitado apenas os documentos relativos ao ex-prefeito naquele país, a Justiça da Suíça teve a iniciativa de remeter também os papéis bancários relacionados aos quatro filhos de Maluf, Lígia, Lina, Flávio e Otávio -apontados como titulares ou beneficiários de contas bancárias no paraíso fiscal.
O paraíso fiscal de Jersey, apesar de ainda não ter colaborado com o Brasil no sentido de enviar documentos, informou, por meio de carta do Coaf, órgão federal encarregado de investigar lavagem de dinheiro, que o ex-prefeito mantém contas na ilha.
Há aproximadamente dois meses, foi a vez de Luxemburgo, outro paraíso fiscal, alertar o governo brasileiro sobre a existência de ativos em nome da mulher de Maluf, Sylvia, em seu território. Os documentos já foram solicitados pelo Brasil.
Além dos 20 quilos de papéis, a Promotoria da Cidadania de São Paulo acumula ainda pelo menos quatro depoimentos de pessoas que acusam Maluf de ter participado do superfaturamento de obras públicas durante a gestão dele (1993-1996) e na de seu sucessor, Celso Pitta (1997-2000), que foi indiciado por evasão de divisas, mas nega o crime.
Para o Ministério Público, foi o superfaturamento de obras que abasteceu as contas no exterior.


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