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Papéis enviados pela Suíça mostram contas em nome da família Maluf
DA REPORTAGEM LOCAL
Os principais documentos que
sustentam a investigação criminal
e cível contra Paulo Maluf (PP)
são os cerca de 20 quilos de papéis
bancários enviados, em março
deste ano, pelo Tribunal Federal
da Suíça. São dezenas de extratos
bancários, fichas de aberturas de
conta, cartas manuscritas e textos
de composição de empresa no exterior, quase todos com assinaturas similares à do ex-prefeito ou à
de seus familiares.
O ex-prefeito nega ter contas fora do país e, em sua defesa, exibe
sempre o atestado do Tribunal de
Contas do Município, que aprovou todas as contas de sua gestão
(1993-1996). Maluf diz ser vítima
de perseguição política, já que é
candidato à Prefeitura de São
Paulo pelo PP.
Em fevereiro deste ano, quando
a Justiça da Suíça decidiu enviar
os documentos para o Brasil, informou, por meio de seu acórdão,
que Maluf não configurava como
titular de contas naquele país. Era,
porém, "detentor de direitos" de
duas contas que permaneceram
abertas até janeiro de 1997, cujos
valores foram transferidos para a
ilha de Jersey e para Londres
-cerca de US$ 200 milhões e US$
120 milhões, respectivamente,
ainda segundo a Suíça.
Apesar de o Brasil ter solicitado
apenas os documentos relativos
ao ex-prefeito naquele país, a Justiça da Suíça teve a iniciativa de
remeter também os papéis bancários relacionados aos quatro filhos de Maluf, Lígia, Lina, Flávio e
Otávio -apontados como titulares ou beneficiários de contas
bancárias no paraíso fiscal.
O paraíso fiscal de Jersey, apesar
de ainda não ter colaborado com
o Brasil no sentido de enviar documentos, informou, por meio de
carta do Coaf, órgão federal encarregado de investigar lavagem
de dinheiro, que o ex-prefeito
mantém contas na ilha.
Há aproximadamente dois meses, foi a vez de Luxemburgo, outro paraíso fiscal, alertar o governo brasileiro sobre a existência de
ativos em nome da mulher de
Maluf, Sylvia, em seu território.
Os documentos já foram solicitados pelo Brasil.
Além dos 20 quilos de papéis, a
Promotoria da Cidadania de São
Paulo acumula ainda pelo menos
quatro depoimentos de pessoas
que acusam Maluf de ter participado do superfaturamento de
obras públicas durante a gestão
dele (1993-1996) e na de seu sucessor, Celso Pitta (1997-2000), que
foi indiciado por evasão de divisas, mas nega o crime.
Para o Ministério Público, foi o
superfaturamento de obras que
abasteceu as contas no exterior.
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