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GOVERNO
Em conferência realizada na Câmara, presidente evita responder a questionamento de entidades e mantém discurso
Lula ouve críticas sobre direitos humanos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de ser cobrado
por representantes de agricultores familiares, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva ouviu ontem
diversas críticas à situação dos direitos humanos no país, ao participar da abertura da 9ª Conferência Nacional dos Direitos Humanos, na Câmara dos Deputados.
A representante do Fórum de
Entidades Nacionais de Direitos
Humanos, Daniele de Paula, afirmou que muitos governos se
preocupam mais com superávits
primários -principal característica da atual política econômica-
do que com políticas de respeito
aos direitos humanos.
Ela também denunciou a violência policial contra as pessoas
pobres. "A morte ronda os pobres
na ação de polícias mal pagas e
destreinadas", disse. Depois de
diversas outras críticas, ela pediu
ao presidente que reafirmasse o
compromisso do governo contra
o rebaixamento da maioridade
penal, hoje de 18 anos. Lula não
fez referências ao pedido em seu
discurso, na seqüência.
O vice-presidente da Comissão
de Direitos Humanos e Minorias
da Câmara, Luiz Couto (PT-PB),
afirmou em seu discurso que "o
Estado é o grande violador dos direitos humanos no Brasil", daí a
importância da presença de Lula
naquela conferência.
Mas Lula também ouviu elogios. O presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), afirmou que
ele era "o presidente da unidade
nacional" e representava "a conclusão do processo republicano
no Brasil".
Mártires
O presidente ignorou as críticas
e se limitou a ler discurso que havia levado. "Pobre do país que
precisa de heróis para defender a
dignidade. Pobre do país que precisa de mártires para defender a liberdade ou de mortos para defender a vida", afirmou Lula.
Disse que o trabalho do seu governo é não apenas punir o desrespeito aos direitos humanos,
mas fazer do desenvolvimento
brasileiro uma verdadeira fonte
produtora de direitos.
"A humanização de uma sociedade não é uma decorrência natural do tempo ou do progresso,
mesmo porque a eficiência econômica, não necessariamente, é
sinônimo de respeito aos direitos
humanos", discursou o presidente Lula, citando o período do milagre econômico, durante a ditadura militar (1964-1985).
Segundo ele, seu governo quer a
eficiência produtiva que se traduza em realidade social. "Este é um
governo que trabalha de fato por
esses objetivos, apesar das dificuldades. Muito diferente dos que,
em nome do progresso e da modernidade, só vinham aprofundando padrões intoleráveis de desigualdade", disse o presidente.
A conferência é promovida pela
Comissão de Direitos Humanos
da Câmara e pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República.
Tumulto
Um enorme tumulto marcou a a
cerimônia de abertura, porque
dezenas de delegados credenciados para o encontro não conseguiram entrar no auditório Nereu
Ramos, por falta de espaço. Muitos ficaram na porta, e outros foram encaminhados a dois auditórios para acompanhar a cerimônia por meio de um telão.
(WILSON SILVEIRA E ANA FLOR)
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