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PT SOB SUSPEITA
Versão desmente aquela dada à Promotoria sobre caso em Mauá
Secretário nega ter recolhido propina
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário da Habitação de
Mauá (Grande São Paulo), Altivo
Ovando Júnior, que denunciou ao
Ministério Público de São Paulo
um suposto esquema de corrupção envolvendo o PT e a prefeitura da cidade no ano de 2000, se
contradisse ontem ao falar da participação dele no caso.
À Promotoria, Altivo admitiu
ter recolhido R$ 600 mil de propina do grupo Peralta. A empresa tinha interesse na construção de
um shopping na cidade. À época,
ele era secretário da gestão petista.
A cobrança, disse, havia sido feita pelo então coordenador de comunicação da campanha de Marta Suplicy (PT), Valdemir Garreta. "Se não der dinheiro, não vai
ter shopping", teria dito Garreta,
segundo o secretário de Mauá.
Ontem, em entrevista à rádio
CBN, Altivo acusou novamente
Garreta, mas minimizou sua participação. Disse que quem recolheu a propina não foi ele, como
havia dito aos promotores, mas
Garreta e outro "dirigente petista". Afirmou ainda que não foi
dez vezes à sede da empresa em
Osasco, mas apenas uma.
"Em momento algum recebi dinheiro nem mesmo fui portador.
Desde o começo, fui uma testemunha. Não adianta ninguém
querer me fazer virar réu, não sou
réu, sou testemunha. Presenciei
um fato com o qual eu não concordo", disse ontem Altivo.
Em fevereiro deste ano, no entanto, Altivo não só admitiu ter
recebido o dinheiro, mas também
forneceu detalhes à Promotoria.
Disse que, "mesmo contrariado,
pois aquela atividade feria, e ainda fere, seus princípios, retirou
com o empresário Armando [Jorge Peralta, então presidente do
grupo] um cheque de R$ 300 mil".
Para o promotor Roberto Wider, os depoimentos de Altivo
continuam valendo. "O secretário
fez uma acusação e a investigação
foi aberta. O que vale para nós é o
que foi dito em depoimento, não à
imprensa. É possível ainda que isso seja uma tentativa de ele se defender de eventual crime."
O advogado de Valdemir Garreta, Pedro Serrano, disse que a nova afirmação de Altivo é "sinal
claro" de que o secretário mente.
"Quem diz a verdade, diz só uma
vez." Para Serrano, é incoerente o
motivo alegado por Altivo para
denunciar o caso. "Ele diz não ter
motivo político, mas ético. Mas
esperou cinco anos para denunciar? É totalmente incoerente." Na
próxima semana, Serrano deverá
ingressar com duas ações (cível e
penal) contra Altivo.
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