São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PT SOB SUSPEITA

Versão desmente aquela dada à Promotoria sobre caso em Mauá

Secretário nega ter recolhido propina

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Habitação de Mauá (Grande São Paulo), Altivo Ovando Júnior, que denunciou ao Ministério Público de São Paulo um suposto esquema de corrupção envolvendo o PT e a prefeitura da cidade no ano de 2000, se contradisse ontem ao falar da participação dele no caso.
À Promotoria, Altivo admitiu ter recolhido R$ 600 mil de propina do grupo Peralta. A empresa tinha interesse na construção de um shopping na cidade. À época, ele era secretário da gestão petista.
A cobrança, disse, havia sido feita pelo então coordenador de comunicação da campanha de Marta Suplicy (PT), Valdemir Garreta. "Se não der dinheiro, não vai ter shopping", teria dito Garreta, segundo o secretário de Mauá.
Ontem, em entrevista à rádio CBN, Altivo acusou novamente Garreta, mas minimizou sua participação. Disse que quem recolheu a propina não foi ele, como havia dito aos promotores, mas Garreta e outro "dirigente petista". Afirmou ainda que não foi dez vezes à sede da empresa em Osasco, mas apenas uma.
"Em momento algum recebi dinheiro nem mesmo fui portador. Desde o começo, fui uma testemunha. Não adianta ninguém querer me fazer virar réu, não sou réu, sou testemunha. Presenciei um fato com o qual eu não concordo", disse ontem Altivo.
Em fevereiro deste ano, no entanto, Altivo não só admitiu ter recebido o dinheiro, mas também forneceu detalhes à Promotoria. Disse que, "mesmo contrariado, pois aquela atividade feria, e ainda fere, seus princípios, retirou com o empresário Armando [Jorge Peralta, então presidente do grupo] um cheque de R$ 300 mil".
Para o promotor Roberto Wider, os depoimentos de Altivo continuam valendo. "O secretário fez uma acusação e a investigação foi aberta. O que vale para nós é o que foi dito em depoimento, não à imprensa. É possível ainda que isso seja uma tentativa de ele se defender de eventual crime."
O advogado de Valdemir Garreta, Pedro Serrano, disse que a nova afirmação de Altivo é "sinal claro" de que o secretário mente. "Quem diz a verdade, diz só uma vez." Para Serrano, é incoerente o motivo alegado por Altivo para denunciar o caso. "Ele diz não ter motivo político, mas ético. Mas esperou cinco anos para denunciar? É totalmente incoerente." Na próxima semana, Serrano deverá ingressar com duas ações (cível e penal) contra Altivo.


Texto Anterior: Presidente fica irritado com governadores
Próximo Texto: Paraná: Secretário reafirma que lhe foi pedida mesada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.