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Senador usa irmão em desvio de verba, aponta Procuradoria
Presidente do conselho, Quintanilha teria se apropriado de recursos do Orçamento Perícia do Ministério Público Federal revela que obra de empreiteira de parentes, com licitação fraudada, recebeu R$ 281,6 mil
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O Ministério Público Federal
disse, em documento enviado à
Justiça, que o senador Leomar
Quintanilha (PMDB-TO), presidente do Conselho de Ética,
"apropriava-se de parte dos recursos do Orçamento da União
canalizados para a Construtora
e Incorporadora Rochedo", que
pertence "ao irmão dele Cleomar e à mulher [de Cleomar],
Tânia Maria".
A Procuradoria afirma que o
senador aparece em escuta telefônica falando sobre projetos
de Cleomar com uma pessoa
identificada como Cláudio Pádua, empreiteiro denunciado
por envolvimento com desvios
no Orçamento.
Na construção de 116 casas
no Tocantins, obra com licitação fraudada, a construtora Rochedo recebeu R$ 281.608,80
em verbas federais de dezembro de 1998 a abril de 1999, diz
perícia da Procuradoria.
O documento no qual o Ministério Público Federal acusa
o senador de desviar dinheiro
por meio da construtora Rochedo foi enviado à 2ª Vara Federal do Tocantins no dia 21 de
agosto de 2003. É uma solicitação para o juiz encaminhar o
processo ao STF (Supremo Tribunal Federal), foro que julga
parlamentares federais.
No documento, a Procuradoria informou à Justiça Federal
que houve quebra sigilo bancário da construtora Rochedo.
"A leitura superficial dos documentos bancários [...], sem
que se proceda ao rastreamento dos valores movimentados e
sacados na "boca-do-caixa", evidenciam que, de fato, o senador
Quintanilha apropriava-se de
parte dos recursos públicos".
Diz a Procuradoria: "A liberação desses recursos pela União
a municípios do Tocantins, que
tinham como destino certo a
construtora Rochedo, quase
sempre era precedida de solicitações do próprio do senador
aos diversos órgãos da União".
Em 7 de fevereiro de 2001, o
senador aparece em escuta telefônica da Polícia Federal conversando com o empreiteiro
Cláudio Pádua -segundo o Ministério Público Federal, dono
da SOS Construtora e Saneamento. Afirma o relatório:
"Cláudio diz [ao senador] que
[...] está aproveitando a oportunidade para dizer que esteve
com o Cleomar agora à tarde, e
que apresentou para ele projeto em Palmas e Goiânia". Ainda
conforme o relatório, Cláudio
diz que "Cleomar sugeriu uma
idéia boa que era [procurar] a
Caixa Econômica Federal".
Mais adiante: "O senador concorda e diz que trabalha com
um rapaz que foi diretor da Caixa [...] que vai dar orientação".
Cleomar também foi denunciado pela Procuradoria sob
suspeita de envolvimento com
o esquema de desvio de verbas.
Ao pedir o envio do processo
ao STF, o Ministério Público
Federal cita a obra de construção de 116 casas em Natividade
(TO) para prevenção à doença
de Chagas. A Funasa (Fundação Nacional de Saúde) repassou R$ 370 mil à prefeitura.
A perícia na obra em Natividade traz dados sobre a construtora Rochedo, apontando
que Cleomar é gerente, e sua
mulher, "cotista da empresa".
Segundo a Procuradoria, a perícia se baseou na ata da licitação
da obra, em que a construtora
deu informações sobre seus
acionistas. Conforme o Ministério Público Federal, baseado
em quebra de sigilo bancário,
"Cleomar controla" a empresa.
Embora tenha ganho a licitação para fazer a obra em Natividade, a construtora Terra Nova
repassou R$ 281.608,80 à construtora Rochedo. Essa, por sua
vez, apresentou notas fiscais
comprovando serviços no valor
de apenas R$ 175.730,76, ou seja, deixou de comprovar gastos
de R$ 105.878,05. A Procuradoria diz ainda que houve superfaturamento de R$ 142.541,07.
Uma das empresas que participaram da licitação foi a Construsan. A mesma empresa é citada na conversa, alvo de escuta
telefônica, entre Cláudio e
Quintanilha. Cláudio diz ao senador que "Cleomar sugeriu
uma idéia boa que era [procurar] a Caixa Econômica Federal, junto com o Alexandre da
Construsan, que já tem cadastro para o Geric [Gerência de
Risco de Crédito]".
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