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Acusações contra senador ampliam crise do conselho
Colegas pedem a Quintanilha que se explique sobre suspeitas de que recebeu propinas
Conselho de Ética vive momento de descrédito ao analisar o caso Renan; dois deixaram a relatoria e um renunciou à presidência
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Acusado pelo Ministério Público Federal de receber propina em troca de emendas ao Orçamento, o recém-eleito presidente do Conselho de Ética do
Senado, Leomar Quintanilha
(PMDB-TO), foi cobrado ontem a dar explicações à Casa,
inclusive por integrantes da base governista, em mais um capítulo da crise que atinge o conselho há dias.
As suspeitas contra Quintanilha abrem novo foco de turbulências no conselho, que vive
uma crise de credibilidade.
Desde o início do processo contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), já
houve três "baixas" - os relatores Epitácio Cafeteira (PTB-MA) e Wellington Salgado
(PMDB-MG) e o ex-presidente
do conselho Sibá Machado
(PT-AC) deixaram o posto.
Ontem, Quintanilha disse
que não cogita renunciar à presidência. Sobre as suspeitas
contra ele, disse: "Não vou comentar porque vou dar uma
entrevista sobre esse assunto."
Ele não informou quando pretende esclarecer as acusações
nem se o fará na sessão no conselho, marcada para 3 de julho.
O senador Renato Casagrande (PSB-ES), convidado e desconvidado em menos de 24 horas para relatar as acusações
contra Renan, ressaltou que as
denúncias contra Quintanilha
representam "mais um fator de
instabilidade". "Idoneidade é
critério fundamental para ser
senador, para a vida pública.
Para ser presidente do conselho, mais ainda. Ele vai ter que
se explicar", afirmou.
Os senadores Tião Viana
(PT-AC) e Eduardo Suplicy
(PT-SP) também querem explicações. "Ele disse que não foi
notificado sobre os processos,
então temos que aguardar e temos que ouvi-lo. Não tenho dúvidas de que ele dará explicações ao conselho e ao Senado",
afirmou Viana.
Para Jefferson Peres (PDT-AM), "em tese, senador indiciado em inquérito policial não
pode participar do conselho,
muito menos presidi-lo". Em
nota, o líder do PSDB, Arthur
Virgílio (AM), criticou a instabilidade do conselho. "Teria de
ser afastado, momentaneamente, dos postos diretivos do
conselho qualquer senador ligado ao partido de Renan. O
quadro se agrava."
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR),
ponderou que Quintanilha foi
eleito pela maioria do conselho.
"Ele tem toda a legitimidade
para conduzir os trabalhos no
sentido de esclarecer os fatos."
O conselho investiga se Renan usou recursos da empreiteira Mendes Júnior para pagar
pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha.
Manobras
A cúpula do PMDB, comandada por Renan, vem se valendo de várias manobras para inviabilizar as investigações. Anteontem, Quintanilha enviou à
consultoria jurídica da Casa um
pedido de esclarecimentos sobre os limites legais do conselho para investigar Renan. O
pedido será analisado pelo advogado-geral do Senado, Alberto Cascais, alinhado a Renan.
A resposta a esta consulta poderá impedir que a Polícia Federal aprofunde a perícia que
fez nos documentos apresentados pela defesa de Renan - o
que impediria o Senado de
avançar nas investigações. Os
documentos são notas fiscais e
comprovantes da venda de gado que Renan alega ter feito.
Aliados do peemedebista
querem remeter o caso ao STF.
A alegação é que a PF só poderia investigar Renan com autorização do STF. "Quero que a
investigação prossiga, mas precisamos saber quem tem que
fazer isso", disse Quintanilha.
"O nível de interferência externa engessou o conselho. Forças
estranhas e muito poderosas
estão por trás disso tudo", disse
Casagrande.
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