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Manifestantes contra transposição terão de desocupar fazenda
Justiça Federal concede liminar para que contrários a obra do rio São Francisco deixem a propriedade usada pelo Exército
Pedido foi feito pela AGU e execução deve ter início na próxima segunda-feira;
manifestantes, porém, ainda não foram notificados
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA
A Justiça Federal em Salgueiro (PE) concedeu ontem
uma liminar de reintegração de
posse contra os manifestantes
que invadiram uma fazenda
usada pelo Exército em Cabrobó (535 km de Recife), na última terça-feira.
A fazenda Mãe Rosa serve de
base para o início das obras de
transposição das águas do rio
São Francisco e foi invadida
por cerca de 1.200 manifestantes contrários ao projeto.
O pedido de reintegração foi
feito anteontem pela Procuradoria Seccional da União em
Petrolina, subordinada à Advocacia Geral da União.
Segundo o juiz Georgius Luís
Argentini Principe Credidio, da
20ª Vara Federal, a obra tem
grande relevância social e a fazenda pertence à União, por isso ele resolveu conceder a reintegração. A execução da sentença deve acontecer na próxima segunda. No caso de o movimento resistir à ordem de desocupação, foi estabelecida uma
multa diária de R$ 10 mil.
O protesto reúne lavradores,
pescadores, quilombolas, índios e sindicalistas de Minas
Gerais, Bahia, Pernambuco,
Alagoas, Sergipe e Ceará.
Pela manhã, no acampamento, as lideranças diziam que a liminar não modificaria em nada
a programação da invasão.
Os manifestantes deram início ontem à construção de casas para os índios trucá, que reivindicam a posse das fazendas
desapropriadas pelo governo
para o início do projeto, e ao
plantio de lavouras.
Os líderes do movimento
reafirmaram que a saída da fazenda está condicionada à suspensão do projeto de transposição e negociação sobre a revitalização do rio. Segundo a assessoria dos movimentos, os manifestantes não haviam sido
notificados da reintegração até
o início da noite de ontem.
A expectativa do governo é
que os manifestantes sejam notificados -formalmente avisados da existência da liminar-
na segunda-feira. A partir de
então, se não deixarem o local
espontaneamente, a Polícia Federal poderá removê-los à força, em operação que deverá ser
acompanhada pela Funai, já
que tem índios no local.
De acordo com a Polícia Militar, o clima nos arredores da fazenda é tranqüilo entre os manifestantes.
Colaboraram FÁBIO GUIBU, da Agência Folha,
em Cabrobó, e a Sucursal de Brasília
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