|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REFORMA SOB PRESSÃO
Votação da reforma fiscal deve ficar para o fim do ano
Lula prorroga tributária
para priorizar Previdência
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionado em várias frentes
ao mesmo tempo, o Palácio do
Planalto desacelerou a tramitação
da reforma tributária. A votação
deve ficar mais para o final do
ano, a fim de que o governo negocie e aprove primeiro a reforma
da Previdência.
A intenção do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva era tentar fechar um acordo ainda hoje com a
comissão representativa de cinco
governadores encarregada de discutir a reforma com o Planalto. A
reunião foi adiada, num primeiro
passo para separar as negociações
das duas reformas.
Trata-se de uma estratégia para
retirar a pressão sobre o Planalto,
que combate simultaneamente a
crise com o MST, o enfrentamento com Judiciário e servidores na
reforma da Previdência, além do
impasse na negociação com os
governadores por causa da partilha do bolo tributário.
Divididos até duas semanas
atrás por conta da definição sobre
o local de cobrança do ICMS, os
governadores uniram-se depois
que se convenceram que o imposto será cobrado na origem e não
no destino. Resultado: fecharam
na exigência de participação dos
Estados na CPMF, o imposto do
cheque, hoje exclusivo da União.
Em contatos com o Planalto, os
governadores afirmaram que não
abrem mão de uma parcela da
CPMF, mas abriram uma brecha:
essa participação pode ser progressiva, a partir do ano que vem,
quando a contribuição passaria a
ser cobrada de forma definitiva.
O governo federal não concordou. Aceita, no máximo, ceder
uma parcela da Cide (tributo da
gasolina) e criar um fundo para
compensar as perdas dos Estados
com a desoneração das exportações. Não afirma, entretanto, qual
percentual da Cide pretende ceder nem como financiará o fundo.
Reunião
A indefinição também ajudou a
derrubar a reunião de hoje de Lula com a comissão de governadores que representam as cinco regiões do país. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, já
disse ao relator da tributária, deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), que não há pressa.
Segundo governadores, o pacto
firmado entre os Estados e Lula
para a votação e aprovação das reformas pode não ter quebrado,
mas trincou. Eles avaliam que foram usados como pára-raios e receberam o desgaste pelas medidas
impopulares, sobretudo as previstas na reforma da Previdência.
Ao Planalto interessa manter a
aliança com os governadores na
reforma tributária. Sobretudo
porque precisa aprovar até o final
do ano a elevação da alíquota da
CPMF para 0,38%, que em janeiro
cai para 0,08%, e a DRU (Desvinculação de Receitas da União).
Com esses dois mecanismos, fica
à vontade para governar até o final do mandato.
É possível que a reunião de Lula
com os governadores fique para a
próxima semana. Integrante do
grupo dos cinco, Aécio Neves
(MG) dizia ontem em Minas: "Essa reunião não deverá, sim, ser
mais uma reunião, deverá ser
uma reunião decisiva".
O governador de Minas espera
que Lula convoque os governadores para a "reunião definitiva" sobre a reforma tributária para evitar um "embate" no Congresso.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Relator recua e desiste de alterações Índice
|