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Líderes cristãos
do continente
dão apoio ao MST
PAULO DANIEL FARAH
ESPECIAL PARA A FOLHA
Líderes religiosos e teólogos do
Brasil e do exterior reunidos na
conferência "Cristianismo na
América Latina e no Caribe", em
São Paulo, divulgaram ontem
dois comunicados de apoio ao
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
O primeiro afirma que a imprensa, nas últimas semanas, tem
sido "bombardeada por uma
campanha sistemática de ataques
alarmistas contra o MST".
A consequência dessa "campanha", segundo a nota, é "a criminalização contra os movimentos
sociais que lutam pacificamente
contra a exclusão social".
Os líderes religiosos classificam
o latifúndio como o "crime fundamental contra a fraternidade
humana" e o "responsável pela
fome e pela morte de tantos seres
humanos".
"Nós, bispos, pastores, teólogos
e teólogas de várias igrejas cristãs,
[...], denunciamos essa tentativa
de atribuir às vítimas o crime contra elas cometido. [...] Fica parecendo que a violência [...] é feita
pelos sem-terra e pelos sem-teto
ao exigir da sociedade aquilo para
a qual ela foi organizada: garantir
o mínimo dos direitos humanos a
todo cidadão", diz o documento,
assinado por bispos brasileiros,
argentinos e mexicanos, além de
outros líderes cristãos e teólogos
do Brasil, do Peru e da Guatemala.
Entre os que assinaram a nota,
está dom Tomás Balduíno, bispo
emérito de Goiás e presidente da
CPT (Comissão Pastoral da Terra), o braço agrário da Igreja Católica no Brasil.
Para o bispo brasileiro, sempre
houve uma campanha de difamação contra o MST:
"Pessoas ligadas ao latifúndio e
à manutenção do modelo econômico atual querem encobrir a violência verdadeira, que são o latifúndio e a repressão às organizações que querem mudar essa situação."
Sobre a infiltração de agentes da
PF (Polícia Federal) e da Abin
(Agência Brasileira de Inteligência) em movimentos sociais, dom
Tomás Balduíno disse acreditar
que, "da parte do governo federal,
a postura é muito clara: não reprimir". "Mas muitos governos estaduais estão ligados aos latifúndios
e acionam a polícia", completou o
bispo.
Estados Unidos
O segundo manifesto foi uma
carta aberta do Conselho Nacional de Igrejas dos Estados Unidos
ao MST. Nela, destaca a "admirável atuação" dos sem-terra "em
prol da justiça no campo e da educação dos mais pobres no Brasil".
"No mundo inteiro, a caminhada do MST é sinal profético de um
mundo mais justo e fraterno, parábola e esboço do reino de Deus
que Jesus Cristo veio nos trazer",
diz a carta.
A conferência "Cristianismo na
América Latina e no Caribe" reúne cerca de 750 representantes de
diversas igrejas de 31 países até
amanhã. Estão programadas mesas-redondas e palestras em duas
faculdades de São Paulo.
Paulo Daniel Farah é professor na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP
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