|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TENSÃO SOCIAL
Ministro afirma que governo tem "tolerância tática" e que não é fraco nem repressor com ações dos movimentos sociais
Questão social não é de polícia, diz Bastos
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na tentativa de demonstrar que
o governo está tranquilo sobre a
"tensão social" dos últimos dias, o
ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse ontem que não
há "leniência" (fraqueza) ou excesso de repressão contra os movimentos sociais.
"O governo não está sendo leniente. A questão social não é
uma questão de polícia. Essa é
uma idéia dos anos 30. Não vamos agir assim, por mais que se
tente tirar proveito da situação,
como se tenta tirar politicamente", disse o ministro minutos antes da cerimônia de lançamento
do Fórum Nacional do Trabalho
ontem, no Palácio do Planalto.
Ainda assim, a questão agrária
já estaria aborrecendo Bastos. Ele
citou o caso para criticar a greve
de juízes estaduais prevista para a
próxima semana. "Não posso fazer greve como ministro da Justiça porque tenho estado aborrecido pelo aumento de problemas
no campo. O presidente não pode
fazer greve descontente com uma
decisão do Congresso."
Questionado sobre um diagnóstico sobre o campo, o ministro
disse que os dados da Polícia Federal e da Abin (Agência Brasileira de Informação) "não apontam
para uma tensão excessiva".
A Folha revelou ontem que
agentes da PF e da Abin estão infiltrados no MST e em milícias de
ruralistas. "Se aparecer alguma
circunstância que indique isso [a
necessidade da força], a PF pode
entrar a qualquer momento."
Mas, segundo Bastos, adotar
medidas mais duras contra sem-terra ou sem-teto não fazem parte
do "horizonte". "Não dá para dizer [que vamos começar a prender lideranças]. Não está no nosso
horizonte. Nosso horizonte é que
as coisas vão se solucionando judicialmente e pacificamente." A
ordem para a PF seria intensificar
os trabalhos de inteligência. "Não
vamos fazer repressão."
A PF informou que tem competência legal para investigar conflito no campo quando há terra devoluta ou pertencente à União
-caso do Pontal do Paranapanema (SP). Já em invasões urbanas,
a competência é estadual.
Bastos disse que a herança de
governos anteriores é fundamental para o quadro de tensão. "Temos até uma certa tolerância tática. O Brasil não cresce há 20 anos
e não distribui renda há 30." Em
resposta à crítica do ex-ministro
do Desenvolvimento Agrário
Raul Jungmann, que anteontem
disse que o governo deveria "democraticamente baixar o pau" no
MST, Bastos disse que a frase "é
um delírio retórico".
Texto Anterior: Bastidores: Cúpula do governo discute crise e decide reafirmar apoio a Palocci Próximo Texto: Líderes cristãos do continente dão apoio ao MST Índice
|