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CASO CC-5
Depoimento não trouxe novidade
Castilho diz ser vítima de "operação abafa"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No depoimento mais esperado
da CPI do Banestado, o delegado
José Castilho Neto não apresentou novidades aos deputados e senadores que integram a comissão.
Em momento reservado da sessão, que durou quase 12 horas, ele
repetiu nomes de políticos já divulgados pela imprensa como supostos beneficiários de remessas
via CC-5. Disse, no entanto, não
haver condições de, sem a conclusão do rastreamento do dinheiro
no sistema financeiro internacional, saber se se tratam de homônimos ou de figuras conhecidas.
Castilho declarou ter sido vítima de uma "operação abafa", responsável pelo seu afastamento do
caso -desde maio do ano passado, ele não preside mais nenhum
inquérito policial relacionado ao
Banestado. Não disse, porém,
quem comandaria tal "operação".
Questionou a decisão, que seria
da Polícia Federal, de distribuir
cópias do laudo pericial, concluído no ano passado, que mapeia
137 contas da agência do Banestado de Nova York, pela qual teriam
passado US$ 30 bilhões entre 96 e
99 em remessas feitas por meio de
contas CC-5, em Foz do Iguaçu.
"Pode ter se formado um propinoduto com a venda de informações do laudo", declarou, acusando o Banco Central. Depois, recuou. "Não tenho essas informações. A gente acredita que possa
haver [esquema de venda de dados]. Mas precisamos investigar."
A assessoria de imprensa do
Banco Central informou que não
cabe à instituição comentar o encaminhamento da CPI e que tem
colaborado com as investigações.
Castilho menosprezou o acordo
de cooperação judiciária em matéria penal entre Brasil e Estados
Unidos, o Mlat, instrumento para
investigações internacionais. "O
Mlat é só uma ferramentinha."
Ontem, o Ministério Público
Federal apresentou ao Ministério
da Justiça documentos relacionados a 25 contas que, partindo do
Banestado de Nova York, movimentaram recursos no sistema financeiro americano. Será pedida
quebra de sigilo pelo Mlat.
O depoimento de Castilho produziu críticas e elogios. "Ele mostrou que tem informações relevantes", declarou o relator da CPI,
deputado José Mentor (PT-SP).
"Não podemos trabalhar com as
informações dele como se fossem
sérias", disse o deputado suplente
Paulo Bernardo (PT-PR).
(ANDRÉA MICHAEL)
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